Foto: IVI
Uma condição ginecológica silenciosa e frequentemente subdiagnosticada pode estar entre as causas da infertilidade feminina: a Síndrome de Asherman, que atinge entre 1,5% e 13% das mulheres com infertilidade no Brasil, segundo estimativas médicas. No cenário global, a condição pode afetar até 46% das mulheres inférteis.
A síndrome é caracterizada pela formação de aderências dentro da cavidade uterina, geralmente após procedimentos como curetagem, cirurgias uterinas ou infecções graves. Essas cicatrizes podem causar obstrução parcial ou total do útero, dificultando ou impossibilitando a implantação do embrião e o desenvolvimento de uma gestação.
“Muitas vezes é uma doença silenciosa e subdiagnosticada. Mulheres que apresentam alterações no ciclo menstrual, como redução ou ausência de fluxo após procedimentos ginecológicos, ou dificuldades para engravidar, devem buscar avaliação especializada”, alerta a Dra. Graziele Reis, especialista em reprodução assistida da clínica IVI Salvador.
Sinais de alerta e diagnóstico
Embora muitas pacientes não apresentem sintomas evidentes, alguns sinais podem indicar a presença da síndrome:
- Amenorreia (ausência de menstruação)
- Hipomenorreia (menstruação escassa)
- Cólicas intensas sem sangramento
- Abortos recorrentes
- Infertilidade sem causa aparente
“O desaparecimento da menstruação após um procedimento intrauterino não é sinônimo de normalidade. Pode indicar que a cavidade uterina está obstruída por aderências e precisa de intervenção”, reforça a médica.
O diagnóstico é feito por exames de imagem, sendo a histeroscopia o método mais preciso, seguido da histerossalpingografia.
Tratamento e prognóstico
O tratamento padrão é a remoção das aderências por histeroscopia, um procedimento minimamente invasivo. Após a cirurgia, é necessário acompanhamento médico rigoroso para prevenir a recidiva das cicatrizes.
Estudos indicam que, com tratamento adequado, a taxa de gravidez pode chegar a 87,4%, com uma taxa de nascimento bem-sucedido em torno de 67,4%.
No entanto, em casos mais graves, o endométrio pode não se regenerar completamente, comprometendo a fertilidade natural. Nestes casos, técnicas de reprodução assistida, como a Fertilização In Vitro (FIV), tornam-se alternativas viáveis para mulheres e casais que desejam ter filhos.