Saúde

Nova técnica brasileira que “sobrecarrega” células cancerígenas promete parar avanço da doença

Nova técnica brasileira que “sobrecarrega” células cancerígenas promete parar avanço da doença
Ana Virgínia Vilalva

Ana Virgínia Vilalva

12/11/2024 12:38pm

Foto: iStock

Uma descoberta inovadora feita pelo biomédico brasileiro Matheus Henrique Dias pode abrir novas possibilidades no combate ao câncer colorretal, o segundo mais comum no Brasil. Em vez de inibir o crescimento das células cancerígenas, como é feito nos tratamentos convencionais, a técnica busca superestimulá-las até que atinjam um nível de estresse tão elevado que entram em colapso e morrem. Esse efeito, apelidado de "tilt", já foi documentado em revistas científicas e está sendo estudado no Instituto do Câncer da Holanda, onde os primeiros testes em pacientes ocorrerão nos próximos meses.

A proposta, que desafia a lógica tradicional, nasceu quase por acidente em laboratório: Matheus aplicou uma substância para estimular a divisão celular e, ao invés de observar um crescimento mais rápido, notou que as células pararam de se multiplicar. Intrigado, ele aprofundou a pesquisa e, após anos de estudos, comprovou que essa sobrecarga nas células cancerígenas as leva à morte. Combinando duas medicações, a técnica impede que as células cancerígenas tentem se regenerar, o que pode resolver problemas comuns nos tratamentos convencionais, como a resistência ao tratamento e o ataque a células saudáveis.

Especialistas do Instituto Nacional do Câncer (Inca) e do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp) consideram a pesquisa promissora, mas alertam que são necessárias várias etapas de testes para garantir a segurança e a eficácia da técnica antes de estar disponível ao público. Jorge Sabbaga, oncologista do Icesp, destaca que “a descoberta é revolucionária e poderá ter grande valia no futuro”, enquanto João Viola, coordenador do Inca, explica que os resultados atuais, ainda em fase pré-clínica, indicam novas perspectivas para o tratamento do câncer, mas ressalta que o processo até a aplicação clínica é longo.

Além do câncer colorretal, a técnica tem potencial para ser aplicada em diferentes tipos de tumores, e Matheus acredita que pode representar uma nova chance de cura para muitos pacientes.