Saúde

Maternidade solo: entenda como a medicina reprodutiva pode ajudar

A monoparentalidade programada, popularmente conhecida como “produção independente”, é uma realidade comum na sociedade atual e reflete o empoderamento da mulher e a falta de estabilidade das relações, mas a decisão precisa ser consciente

Maternidade solo: entenda como a medicina reprodutiva pode ajudar
Ana Virgínia Vilalva

Ana Virgínia Vilalva

05/03/2024 5:42pm

No mundo contemporâneo, a medicina reprodutiva ganhou um papel fundamental para a constituição dos novos modelos de família. As diversas técnicas de Reprodução Assistida são indicadas não apenas para os casos de infertilidade, que representam 17,5 % da população adulta global, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), mas também para auxiliar mulheres e homens que desejam ter filhos de maneira independente assim como casais homoafetivos. “No caso da mulher que deseja ser mãe solo, ela pode engravidar com segurança através das técnicas de medicina reprodutiva e usando sêmen de doador”, explica a ginecologista e especialista em Reprodução Humana, Gérsia Viana, diretora do Cenafert – Centro de Medicina Reprodutiva.

A técnica indicada para o tratamento vai depender da idade e condição reprodutiva da mulher. “Uma paciente mais jovem e com boas condições de saúde em geral e de saúde reprodutiva pode realizar a inseminação artificial, considerada uma técnica de baixa complexidade. Já uma mulher que decide ser mãe em idade mais avançada, que dispõe de uma baixa reserva ovariana, ou apresenta obstrução tubária, vai precisar realizar uma Fertilização in Vitro”, esclarece Gérsia Viana. “Essas técnicas são feitas de modo seguro e apresentam bons resultados, mas é bom lembrar que nem sempre a gravidez vai acontecer na primeira tentativa” acrescenta a médica. A especialista reforça a importância de buscar sempre serviços especializados em medicina reprodutiva para a realização do tratamento de forma segura.

A paciente pode optar por bancos de sêmen nacionais ou estrangeiros. “A escolha do doador é feita com base em características físicas, genéticas e pode levar em conta até hábitos do doador”, afirma a médica. “Quando a paciente chega ao consultório ela deve passar por um aconselhamento reprodutivo com a equipe multidisciplinar da clínica, que envolve médicos especialistas em Reprodução Humana, embriologista e psicólogo”, conta Gérsia Viana. Outro aspecto que ela lembra é a importância da rede de apoio, com amigos e familiares, para a mulher que decide ser mãe solo.

Para a psicóloga Liliane Carmen Souza dos Santos, da equipe do Cenafert, o mais importante no processo de maternidade solo é que ele aconteça de forma completamente consciente. “Vivenciar a maternidade solo não apenas é possível, como também é um reflexo natural do empoderamento da mulher moderna, que é plena, independente, capaz de fazer suas próprias escolhas”, afirma.

Banco de Sêmen - Em Salvador, o Cenafert disponibiliza Bancos de Sêmen nacionais e estrangeiros com amplo catálogo de doadores para atender aos anseios das futuras mães. Quem recorre aos Bancos de Gametas para ter filhos pode escolher características físicas, emocionais e até hábitos do doador.

Os bancos de sêmen passam por um controle rigoroso para seleção dos doadores, de modo a garantir a qualidade do material genético e a segurança da mãe e do bebê. Os doadores passam por uma triagem médica para avaliar possíveis problemas de saúde, que possam comprometer a qualidade do sêmen, inclusive doenças infecto-contagiosas. É feito também uma avaliação genética para evitar doenças hereditárias. “Até a condição psicossocial do doador é avaliada para assegurar que ele está, realmente, pronto emocionalmente para o processo de doação anônima de modo a evitar futuras implicações e conflitos”, explica a psicóloga Liliane Carmen.  

No Brasil, de acordo com determinação da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e do Conselho Federal de Medicina, a doação de amostra seminal deve ser anônima ou pode ser obtida através de um parente dos parceiros de até quarto grau, desde que não incorra em consanguinidade. O anonimato tem como objetivo proteger os doadores e os receptores e evitar futuros conflitos. Além disso, a doação de gametas e embriões não pode ter fins lucrativos e há um limite de idade estabelecido: 37 anos para mulheres que vão doar óvulos e 45 para homens que doarão sêmen.