Foto: Divulgação / Instituto Lipedema Brasil
O lipedema é uma condição crônica caracterizada pelo acúmulo anormal de gordura em membros inferiores, que afeta cerca de 10 milhões de mulheres no Brasil e aproximadamente 10% da população feminina no mundo. Apesar de sua prevalência, a doença ainda é frequentemente confundida com obesidade ou linfedema, o que retarda o tratamento adequado.
O reconhecimento precoce é fundamental para evitar que o lipedema avance para estágios mais graves, quando já há comprometimento da mobilidade e da qualidade de vida. Entre os sinais de alerta estão o acúmulo simétrico de gordura em coxas, quadris e braços; dor ou sensibilidade à pressão nas áreas afetadas; formação frequente de hematomas; e sensação de peso ou inchaço que não melhora com elevação dos membros.
Estudos recentes reforçam a necessidade de diferenciar o lipedema de outras condições. Enquanto a obesidade responde a dieta e exercícios, o lipedema não melhora com essas intervenções. Já o linfedema, que envolve acúmulo de líquidos e apresenta caráter assimétrico, possui manejo distinto.
Um estudo internacional publicado na revista Vascular Medicine revelou que apenas 46,3% das mulheres com fenótipo de lipedema receberam diagnóstico médico, deixando mais da metade sem resposta clínica adequada.
“O diagnóstico precoce do lipedema é fundamental para evitar o sofrimento da paciente, seja por conta dos sintomas como dor, perda de mobilidade, sensação de peso nas pernas, entre outros, ou pela demora no tratamento adequado, ou falta dele. Identificar a doença nos primeiros sinais permite um tratamento mais eficaz e evita muitos contratempos. Este trabalho não é da paciente, é do médico, do profissional de saúde. Para isso, é preciso informação, entender a doença, estudar muito. Este tem sido o meu propósito de vida e o trabalho da minha equipe”, afirma o diretor do Instituto Lipedema Brasil, Dr. Fábio Kamamoto.
O manejo multidisciplinar — envolvendo nutricionistas, fisioterapeutas, endocrinologistas, vasculares e acompanhamento médico especializado — pode controlar a progressão da doença e oferecer maior qualidade de vida às pacientes.
Embora o lipedema ainda seja pouco difundido entre profissionais de saúde, especialistas defendem que mulheres com sinais da condição procurem atendimento em centros especializados. O Instituto Lipedema Brasil e a ONG Movimento Lipedema têm atuado na divulgação de informações e no apoio às pacientes.
Criado em 2021 pelo Dr. Fábio Kamamoto, o Instituto Lipedema Brasil é o primeiro centro de referência dedicado à doença no país e no mundo. Com unidades em São Paulo, nos bairros do Pacaembu e Ibirapuera, o espaço desenvolve pesquisas, promove ensino e mobiliza campanhas pela democratização do acesso ao tratamento — já com mais de 46 mil assinaturas.