Estresse crônico compromete memória e motivação de professores, alerta especialista
Categoria soma milhares de afastamentos em meio ao avanço de transtornos mentais no Brasil
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O estresse crônico tem alterado circuitos cerebrais fundamentais para o desempenho docente e se consolidado como um grave problema de saúde pública. Em dez anos, os afastamentos por transtornos mentais no Brasil mais que dobraram, ultrapassando 440 mil casos em 2024, segundo dados oficiais. Entre os trabalhadores mais atingidos estão professores, expostos a sobrecarga, pressões externas, violência escolar e excesso de demandas digitais.
De acordo com a neurocientista Ana Chaves, o hipocampo – ligado à memória e ao aprendizado – perde função, o córtex pré-frontal – responsável por planejamento e decisões – reduz a eficiência, e o sistema de recompensa – que regula a motivação – fica desajustado. Como resultado, surgem lapsos de memória, dificuldade de concentração e queda no engajamento em sala de aula. Pesquisas internacionais também associam o estresse crônico ao aumento do risco de AVC, demência precoce e declínio cognitivo.
A especialista ressalta ainda que medidas simples podem ajudar a reduzir danos, como pausas conscientes, exercícios de respiração, práticas de mindfulness e fortalecimento de redes de apoio. No entanto, destaca que o cuidado não deve se limitar ao esforço individual: escolas, gestores e famílias precisam criar condições mais seguras e acolhedoras para garantir a saúde mental dos docentes e a qualidade do ensino.