Empatia e acolhimento transformam a experiência de pacientes durante o Outubro Rosa

Fotos: Hospital de Brotas

No tradicional “arco-íris da saúde”, outubro é rosa — mês dedicado à prevenção e ao diagnóstico precoce do câncer de mama. As campanhas dominam as mídias, multiplicam ações e inspiram milhões de pessoas até o dia 31, quando o calendário dá lugar ao Novembro Azul. Mas, enquanto a atenção se volta à prevenção, há quem viva uma realidade mais delicada: a de quem já enfrenta a doença e o tratamento, convivendo com o impacto físico e emocional que o diagnóstico traz.

Pensando nesse público, o Hospital de Brotas, sob gestão do Instituto Nacional de Tecnologia e Saúde (INTS), promoveu uma ação voltada à empatia e ao acolhimento de pacientes oncológicas. A iniciativa reuniu profissionais do Centro Cirúrgico (CC) e do Centro de Material e Esterilização (CME) em um treinamento sobre cuidado humanizado, com foco em escuta qualificada e assistência sensível às emoções dos pacientes.

A proposta partiu da enfermeira Lailla Farias, coordenadora de enfermagem do CC e do CME. “Acolher vai muito além da escuta atenta. Envolve oferecer um ambiente seguro e acolhedor, monitorar e controlar a dor no pós-operatório, prevenir infecções e esclarecer dúvidas. São práticas que fortalecem nossa equipe e refletem em um cuidado mais empático, seguro e centrado no paciente”, explica.

A enfermeira Nadir Mendes, uma das palestrantes do treinamento, destacou o impacto da ação na rotina da equipe. “Foi um momento de troca e sensibilização sobre o cuidado humanizado. Percebemos como o acolhimento transforma o medo em confiança e o momento cirúrgico em uma oportunidade de esperança.”

A cirurgiã vascular Renata Caires Sampaio, que atua no hospital e realiza procedimentos oncológicos — como a inserção de cateter venoso central para quimioterapia —, reforça a importância desse olhar sensível. “A paciente oncológica chega para a cirurgia carregando emoções intensas: medo, ansiedade, esperança. O acolhimento faz toda a diferença — é o jeito de falar, o olhar, a tranquilidade transmitida pela equipe. Isso transforma a experiência e mostra que o tratamento vai além do procedimento técnico.”

A assistente social Caroline Ramos, 43 anos, residente em Salvador e servidora pública do Governo da Bahia, viveu essa experiência de perto. Em 24 de outubro, ela passou por uma cirurgia de mama no Centro Cirúrgico do Hospital de Brotas, após diagnóstico de câncer em fase inicial.

“Sou beneficiária do Planserv e fui acolhida por uma equipe extremamente preparada. Havia música ambiente, profissionais alegres, uma atmosfera de tranquilidade. Estava ansiosa, mas fui recebida com tanto carinho que todo o processo se tornou mais leve”, relata Caroline, que compartilhou sua história apenas cinco dias após o procedimento.

Acostumada a acolher outras pessoas em sua profissão, Caroline reconhece o valor de vivenciar esse cuidado. “Essas relações humanizadas fazem toda a diferença em um momento de vulnerabilidade. Mesmo em meio à ansiedade, senti segurança e conforto. É algo que jamais esquecerei.”

Ela também reforça a importância da prevenção e do autocuidado. “Minha família não tem histórico de câncer de mama. Fiz mamografia em janeiro e o exame estava normal. Sete meses depois, descobri o câncer em fase inicial, o que me dá toda a chance de cura. O diagnóstico precoce salva vidas — e encontrei no Hospital de Brotas um olhar inclusivo, atento e acolhedor, que respeita todas as pessoas que têm mama, inclusive as pessoas trans.”

Com essa ação da equipe de enfermagem, o Hospital de Brotas — única unidade de atendimento exclusivo aos beneficiários do Planserv — reforça seu compromisso com uma assistência técnica e humanizada, que une ciência, sensibilidade e empatia. A proposta é que o cuidado integral ultrapasse o simbolismo do Outubro Rosa e se mantenha presente nos 12 meses do ano, inspirando confiança e conforto em quem enfrenta o câncer de mama.

A campanha Outubro Rosa é dedicada a todas as pessoas com mamas. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 99% dos casos de câncer de mama registrados globalmente ocorrem em pessoas designadas mulheres ao nascer, e 1% em pessoas designadas homens.

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA) e o Ministério da Saúde, o Brasil deve registrar cerca de 73 mil novos casos da doença em 2025. Na Bahia, foram 4,3 mil diagnósticos em 2024. Quando identificado em fase inicial, o câncer de mama pode ter chances de cura ou sobrevida superiores a 90% — um dado que reforça a importância da prevenção, mas também do acolhimento humano durante toda a jornada de quem enfrenta a doença.