Dormir bem melhora o equilíbrio emocional e a qualidade de vida
Avanços científicos reforçam que compreender e cuidar do sono é essencial para manter a saúde mental em equilíbrio e o corpo em harmonia
Fotos- Crédito: Marketing da Holiste
Por muito tempo, o sono foi visto apenas como um intervalo entre os dias. Hoje, ele é reconhecido pela ciência como um dos pilares da saúde mental e da performance cognitiva. Dormir bem impacta diretamente o humor, a memória, o aprendizado e a capacidade de lidar com emoções e desafios cotidianos.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), os distúrbios do sono já atingem 45% da população mundial, e o Brasil segue a mesma tendência: um terço dos brasileiros relata sofrer com insônia ou sono irregular. Problemas como a apneia obstrutiva do sono, além de prejudicar o descanso, aumentam o risco de doenças metabólicas e transtornos mentais.
No Nordeste, o tema ganha contornos ainda mais urgentes. O ritmo acelerado das cidades, somado à alta incidência de ansiedade e depressão, tem levado especialistas a voltarem os olhos para a relação entre o sono e o equilíbrio emocional. Em Salvador, iniciativas pioneiras vêm sendo desenvolvidas com esse foco — entre elas, o trabalho da Clínica Holiste Psiquiatria, que incorporou à sua estrutura um Serviço de Medicina do Sono, integrando tecnologia e psiquiatria no cuidado com pacientes.
Em entrevista exclusiva à Let’s Go Bahia, o médico psiquiatra Kayo Barboza, responsável pelo setor de Medicina do Sono da Holiste, destacou a importância de compreender o sono como um espelho do funcionamento mental e emocional. “O sono é um marcador biológico sensível às funções cerebral e emocional. Muitas vezes, as alterações no padrão de sono são os primeiros sinais de sofrimento psíquico”, explica.
Segundo o especialista, os avanços na área têm mostrado que restaurar o sono é uma das formas mais eficazes de promover saúde mental. “Quando conseguimos restabelecer a arquitetura normal do sono, observamos melhora significativa no humor, na ansiedade e na resposta ao tratamento medicamentoso. Dormir bem não é um detalhe — é um pilar da recuperação emocional”, afirmou o psiquiatra à revista.
A metodologia inclui o uso de exames como a polissonografia, que permite mapear a qualidade do sono e identificar alterações relacionadas a quadros de depressão, ansiedade, bipolaridade e esquizofrenia. “A detecção precoce dessas alterações pode antecipar o diagnóstico de transtornos mentais e melhorar o resultado terapêutico. O sono nos mostra muito sobre o que o corpo e a mente estão tentando comunicar”, ressalta.
Para o Dr. Kayo, cuidar do sono é também um gesto de autoconhecimento. “Muitas vezes, o paciente percebe que seu corpo está exausto, mas ignora os sinais. Entender o próprio ritmo e respeitar o descanso é uma forma de autocuidado e de reconexão com o essencial”, pontua.
Mais do que um dado clínico, o cuidado com o sono passou a ser uma questão de estilo de vida. O descanso reparador influencia desde a produtividade até o bem-estar emocional, e sua ausência pode ter impacto direto na saúde mental — especialmente em tempos de sobrecarga digital e estímulos constantes.
“Precisamos lembrar que o sono não é um luxo. Ele é parte do equilíbrio da vida. Dormir bem melhora a atenção, a concentração, o humor e o prazer em viver. É uma das formas mais simples — e poderosas — de cuidar da saúde mental”, conclui o médico em conversa com a Let’s Go Bahia.
Repensar o modo como dormimos é, também, repensar o modo como vivemos. Dormir bem deixou de ser luxo: é um dos caminhos mais eficazes para restaurar a mente, equilibrar o corpo e reencontrar o essencial.