Saúde

Crianças são as principais vítimas de acidentes com lagartas venenosas; especialista orienta sobre primeiros socorros

Crianças são as principais vítimas de acidentes com lagartas venenosas; especialista orienta sobre primeiros socorros
Ana Virgínia Vilalva

Ana Virgínia Vilalva

01/11/2025 9:00pm

Foto: Freepik

O aumento das chuvas em diversas regiões do país tem ampliado também o número de acidentes envolvendo lagartas peçonhentas, especialmente entre crianças, grupo que representa cerca de 20% das vítimas desses casos no Brasil. Segundo o Ministério da Saúde, foram registrados 26.941 acidentes entre 2019 e 2023, sendo aproximadamente 5 mil com crianças de até 9 anos.

De acordo com Sâmia Neves, professora do curso de Medicina Veterinária da Universidade Salvador (UNIFACS), o crescimento dos casos está relacionado ao calor e às chuvas, que aumentam a presença desses animais, e à maior interação humana com o ambiente natural. “O desmatamento e a expansão urbana aproximam as colônias de lagartas das pessoas”, explica.

Na Bahia, as espécies mais comuns são as Automeris spp. (“olho-de-pavão”), de cerdas urticantes, e a Megalopyge lanata (“lagarta-de-fogo”), que causam dor e inflamação local. Já a Lonomia spp., mais rara, é a mais perigosa, podendo provocar distúrbios de coagulação e hemorragia, com risco de morte.

A especialista alerta que, em caso de contato, é fundamental lavar o local com água fria e sabão, evitar friccionar a área ou aplicar substâncias como álcool, ervas ou café, e procurar atendimento médico imediatamente. Se possível, a lagarta deve ser levada em recipiente seguro ou registrada em foto para facilitar a identificação.

O soro antilonômico, produzido pelo Instituto Butantan e distribuído gratuitamente pelo SUS, é o único tratamento eficaz contra os efeitos da peçonha da Lonomia. Para prevenir acidentes, a orientação é usar luvas e roupas compridas em podas ou jardinagem, evitar o contato com troncos de árvores e ensinar as crianças a não tocar em lagartas peludas.