Saúde

Cirurgia robótica amplia possibilidades no tratamento do câncer infantil

Tecnologia menos invasiva reduz sequelas, acelera recuperação e reforça importância do diagnóstico precoce

Cirurgia robótica amplia possibilidades no tratamento do câncer infantil
Jacson Gonçalves

Jacson Gonçalves

27/09/2025 6:34pm

Foto divulgação 


O Setembro Dourado, campanha mundial dedicada à conscientização sobre o câncer infantojuvenil, reforça a urgência do diagnóstico precoce e do acesso a terapias modernas. No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima quase 8 mil novos casos por ano em crianças e adolescentes de 0 a 19 anos. Apesar de a taxa de cura superar 80% quando a doença é identificada rapidamente, o país ainda enfrenta desigualdades no acesso ao tratamento.


Entre os tipos mais frequentes estão leucemias, tumores do sistema nervoso central e linfomas, que fazem do câncer a principal causa de morte por doença nessa faixa etária. Nesse cenário, a cirurgia robótica vem se consolidando como aliada nos últimos anos. A técnica permite cortes menores, menos dor, menor tempo de internação e recuperação mais rápida em relação aos métodos convencionais, além de ampliar a precisão do cirurgião e preservar tecidos saudáveis, aspecto essencial no cuidado pediátrico.

Segundo o cirurgião pediátrico e robótico Fábio Contelli, integrante do Instituto Brasileiro de Cirurgia Robótica (IBCR), “o robô é uma extensão multiplicadora das mãos do médico, que permite atuar em áreas delicadas com maior segurança”. A tecnologia já foi aplicada em crianças muito jovens, com resultados positivos, mas ainda esbarra na limitação de acesso. Para Contelli, é necessário democratizar o uso. “Não basta ter a tecnologia; é preciso garantir que ela chegue a todas as crianças, independentemente da cidade onde vivem”, ressalta.


Um passo importante nessa direção foi a recomendação da Conitec para incorporar ao SUS a prostatectomia radical assistida por robô, voltada ao tratamento do câncer de próstata. Embora não envolva diretamente a pediatria, a decisão pode abrir caminho para que a cirurgia robótica seja expandida a outras especialidades médicas, desde que cumpridos protocolos de segurança e qualificação de centros hospitalares.

Especialistas também destacam que a humanização é indispensável no tratamento do câncer infantojuvenil. Além da inovação tecnológica, é essencial garantir acompanhamento psicológico, suporte educacional e atenção às necessidades sociais das famílias. “Tratar o câncer infantil não é apenas combater o tumor, é cuidar da criança e da família em todas as suas dimensões”, afirma Contelli.

O alerta principal continua sendo a identificação precoce de sinais como febre persistente, manchas roxas, caroços, dores de cabeça constantes e perda de peso inexplicada. Reconhecer os sintomas e buscar atendimento imediato são medidas que salvam vidas e reforçam a importância do Setembro Dourado como instrumento de conscientização.