Três décadas da Lei de Cotas: avanços, desafios e o caminho para a inclusão real
Foto: Freepik Mais de três décadas após a criação da Lei de Cotas (Lei nº 8.213/91), que determina que empresas com 100 ou mais funcionários reservem de 2...
Foto: Ana Varjão
Muito além do afeto, o apoio contínuo da família é apontado por especialistas como fator decisivo para o sucesso terapêutico de crianças com deficiência. Dentro e fora das clínicas, a rotina compartilhada com pais, mães e cuidadores pode acelerar conquistas motoras, cognitivas e sociais, fortalecendo o processo de reabilitação e promovendo autonomia. Para a fisioterapeuta Jamaica Araújo, fundadora da Clínica Espaço Kids, a presença da família não apenas complementa o trabalho terapêutico, mas é parte essencial dele. “Quando a família está presente, envolvida e informada, os avanços se tornam mais consistentes. A criança sente mais segurança e confiança para explorar suas potencialidades”, afirma.
A participação familiar, segundo a especialista, não substitui o profissional, mas compõe a equipe terapêutica de forma estratégica. Pais e cuidadores que se sentem preparados e acolhidos tornam-se agentes ativos no processo, o que impacta diretamente na rotina da criança e nos seus progressos. A importância desse envolvimento também é respaldada por pesquisas. Um estudo realizado na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), em 2017, mostrou que crianças com deficiência auditiva cujas famílias participaram ativamente do tratamento apresentaram melhor desempenho funcional auditivo. A pesquisa reforça que a parceria entre profissionais e familiares potencializa os resultados clínicos e contribui para a autonomia da criança.
No dia a dia das terapias, o envolvimento da família permite que os estímulos realizados durante as sessões de fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia ou psicomotricidade sejam continuados no ambiente doméstico. Essa continuidade, segundo Jamaica, amplia as oportunidades de aprendizado e consolida o desenvolvimento motor e cognitivo. Mas o cuidado não é apenas técnico. A fundadora da Espaço Kids destaca também a importância de acolher emocionalmente os pais e cuidadores, que muitas vezes chegam à clínica sobrecarregados, cheios de dúvidas e sentimentos de culpa. “A clínica precisa ser também um espaço de escuta e orientação. Quando a família compreende o diagnóstico e participa das decisões terapêuticas, ela se torna mais empoderada para lidar com os desafios e reconhecer as conquistas da criança”, afirma.
A Clínica Espaço Kids, localizada em Salvador, é especializada no atendimento a crianças com deficiência e se diferencia pela proposta de cuidado integrado, acolhedor e voltado também para as famílias. Com uma equipe multidisciplinar formada por fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, psicopedagogos, musicoterapeutas, psicomotricistas e psicólogos, o espaço desenvolve planos terapêuticos personalizados, centrados nas necessidades de cada criança. Além das sessões clínicas, a equipe oferece orientação e acompanhamento contínuo aos pais e responsáveis, formando uma rede de apoio que fortalece o dia a dia das famílias e contribui para a evolução terapêutica de forma mais leve e afetiva. “Cada pequena conquista é um grande passo. E quando a família entende isso, o desenvolvimento flui com mais leveza e amor”, conclui Jamaica.