Networking ou Encenação?
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Por Jorge Nery, administrador e sócio do Grupo Bandô
Foto: Acervo Pessoal
Existe algo fascinante na comparação entre o limão rosa e o limão Tahiti.
O limão rosa, também conhecido como limão-cravo ou limão-capeta, possui características superiores sob diversos aspectos. Tem maior teor médio de vitamina C. Apresenta aroma mais intenso, sabor mais complexo e notas cítricas que conquistam chefs e apreciadores de boa gastronomia. É, sob critérios objetivos de qualidade e sabor, um fruto extraordinário.
Por outro lado, o limão Tahiti é o que domina as gôndolas dos supermercados, os bares, as feiras e até as receitas padronizadas. Sua casca lisa, uniforme, verde-viva, é o “padrão visual” do que o mercado convencionou chamar de limão. Apesar de possuir menos vitamina C e sabor menos marcante, ele vende muito mais.
Essa comparação revela um dos princípios mais importantes do branding pessoal e empresarial:
O melhor produto ou a melhor pessoa nem sempre é a que vence. Vence quem consegue ser percebido como melhor.
1. Percepção de Valor vs. Valor Intrínseco
No mercado, a percepção de valor quase sempre supera o valor intrínseco. O limão rosa pode ser melhor na essência, mas o Tahiti construiu uma “marca” sólida, baseada em aparência, previsibilidade e conveniência. Ele é facilmente reconhecido, transmite segurança visual ao consumidor e ocupa mentalmente a posição de “o limão certo”.
2. A Importância da Imagem Pessoal e da Comunicação
Muitos profissionais são como o limão rosa: têm talento, conhecimento, carisma genuíno e diferenciais reais. Mas pecam na comunicação, na forma como se apresentam e se deixam perceber pelo mercado.
Sua “casca” (imagem pessoal) não é cuidada.
Não investem em presença digital, linguagem visual ou networking.
Não sabem contar a própria história de maneira envolvente.
No livro Todos Somos Uma Marca, Alfredo Soares defende que cada pessoa precisa olhar para si como uma empresa. Isso significa entender que cada detalhe comunica algo:
Como você se veste.
Como fala.
Que conteúdo publica.
Com quem se conecta.
Que valores transmite.
É isso que constrói a percepção de valor.
3. Relações são Vitrines
Outro ponto crucial é que as relações que construímos funcionam como vitrines. Pessoas te “recomendam” ou te “ocultam” baseado na confiança que você desperta. E confiança é resultado de:
Consistência
Clareza de posicionamento
Transparência de valores
Assim como o Tahiti virou sinônimo de limão porque chefs, marcas de bebidas e supermercados o elegeram como padrão, nós também podemos ocupar espaços na mente e no coração das pessoas, desde que haja uma estratégia de posicionamento claro.
4. Gestão de Marca Pessoal: Não É Falsidade, É Estratégia
Muita gente encara o conceito de branding pessoal como algo artificial. Como se fosse “fingir ser algo que não é.”
Na verdade, é o oposto. Branding pessoal é a arte de destacar e amplificar quem você é de verdade, transformando suas qualidades únicas em diferenciais percebidos e valorizados.
O limão rosa não precisa se transformar em Tahiti. Precisa apenas saber contar ao mundo:
Por que é mais saboroso.
Por que tem mais vitamina C.
Por que é uma experiência melhor.
Ou seja: precisa traduzir essência em proposta de valor clara e visível.
5. O Belo Que Se Vende: Um Convite à Consciência Estratégica
Na prática, isso significa que cada um de nós deveria responder a perguntas essenciais:
O mercado me enxerga da forma que eu gostaria?
O que me torna único?
Como estou comunicando isso?
Estou me escondendo atrás da “casca feia”, achando que talento basta?
Estou presente onde meu público está?
Porque, tal como acontece no mercado dos limões:
Não vence quem é apenas melhor. Vence quem consegue mostrar ao mundo que é melhor de forma bela, coerente e consistente.
No fim, a grande diferença entre o limão rosa e o Tahiti não é só estética. É posicionamento. É gestão de marca. É percepção.
E a boa notícia para nós, humanos, é que, ao contrário dos frutos, podemos escolher e construir a nossa casca. Podemos redesenhar a nossa embalagem. Podemos lapidar a forma como o mundo nos enxerga, sem jamais perder nossa essência.
Por isso, cuide da sua imagem. Cuide da sua narrativa. Cuide das relações que constrói.
Porque, sim, o belo se vende.
Mas só se ele conseguir ser visto.
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