Foto: Bruno Concha / Secom PMS
Celebrado com desfiles, homenagens e manifestações culturais em todo o estado, o 2 de Julho marca a Independência da Bahia e é considerado por muitos historiadores como a verdadeira consolidação da independência do Brasil. A data rememora o dia em que as tropas portuguesas foram definitivamente expulsas de Salvador, em 1823 — quase um ano após o famoso 7 de Setembro, quando Dom Pedro I declarou a independência em São Paulo.
Ao contrário do que muitos imaginam, a separação do Brasil de Portugal não aconteceu de forma pacífica ou imediata em todo o território nacional. Na Bahia, a resistência à dominação portuguesa foi intensa, com confrontos armados e uma mobilização popular que envolveu soldados, lavradores, mulheres, indígenas e ex-escravizados. A luta baiana pela liberdade começou ainda em 1822, quando a notícia da proclamação da independência chegou a Salvador, mas foi ignorada pelas autoridades portuguesas locais, que mantinham o controle da cidade.
O conflito se intensificou e se transformou em uma verdadeira guerra pela independência, com batalhas decisivas em cidades como Cachoeira, São Félix, Santo Amaro, Itaparica e Pirajá. Foi em Pirajá, inclusive, que ocorreu um dos embates mais sangrentos do período, em novembro de 1822, e que teve papel fundamental no enfraquecimento das forças portuguesas.
A vitória definitiva veio no dia 2 de julho de 1823, quando os últimos soldados portugueses deixaram Salvador, e as tropas brasileiras — formadas majoritariamente por baianos — entraram triunfantes na cidade. A cena foi eternizada pela imagem simbólica do caboclo e da cabocla, personagens que representam o povo mestiço que protagonizou a resistência. Até hoje, eles são destaque nas celebrações da data, conduzidos em cortejo pelas ruas do Centro Histórico de Salvador.
O 2 de Julho carrega um profundo valor cívico e histórico para os baianos. Mais do que relembrar um feito militar, a data reconhece o protagonismo popular e o papel da Bahia na construção de um Brasil livre e soberano. É também um momento de exaltação à identidade baiana e à força de um povo que, diante das adversidades, fez da resistência um símbolo de orgulho e independência.
