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Quadrilhas inclusivas mostram que no São João todo mundo pode dançar junto

Escolas e projetos sociais reforçam a importância de incluir crianças com deficiência nas festas juninas, celebrando o São João como espaço de afeto, diversidade e pertencimento

Quadrilhas inclusivas mostram que no São João todo mundo pode dançar junto
Jacson Gonçalves

Jacson Gonçalves

07/06/2025 8:40pm

Fotos: Divulgação e Acervo Pessoal

Quando chega o mês de junho, o colorido das bandeirolas e o som do forró ganham força nas escolas e comunidades de todo o Brasil. Mas em algumas festas, um detalhe faz toda a diferença: a presença de crianças com deficiência participando ativamente das quadrilhas juninas. Em vez de ficarem apenas assistindo, elas dançam, brilham e mostram que inclusão também se faz no compasso do arrasta-pé.

Em Salvador, as Obras Sociais Irmã Dulce (OSID) promovem anualmente apresentações juninas inclusivas.  A Quadrilha Terecoteco, formada por pessoas com deficiência assistidas pelo Centro Especializado em Reabilitação (CER IV) e pelo Centro de Acolhimento à Pessoa com Deficiência (CAPD), e a Quadrilha Renascer, composta por idosos atendidos no Centro de Geriatria e Gerontologia, realizam apresentações especiais que integram a maratona de eventos juninos da instituição.  Essas ações de humanização visam promover o desenvolvimento, inclusão social, autonomia e cidadania de idosos e pessoas com deficiência.  

Além das escolas, projetos sociais e ONGs também abraçam essa causa. Iniciativas que trabalham com educação inclusiva entendem que a festa junina é mais do que tradição: é um momento de convivência, expressão cultural e valorização da diversidade. E quando uma criança que antes era deixada de fora passa a estar no centro da roda, o impacto é transformador — para ela e para todos ao redor.

Para a psicóloga Luciana Vital, é fundamental que os adultos compreendam que o simples ato de subir no palco ou entrar na roda já representa um enorme avanço para muitas crianças. “Tem crianças que não conseguem memorizar a coreografia completa, mas que se sentem pertencentes ao grupo apenas por estarem ali. Outras, por causa da timidez ou de alguma condição específica, dançam do seu jeito, no seu tempo. E tudo isso é conquista”, destaca.

Luciana também reforça que o sentimento de pertencimento está diretamente ligado ao desenvolvimento emocional. “Quando uma criança se percebe parte daquele espaço, ela entende que tem valor, que é capaz, que pode contribuir. Isso fortalece sua autoestima e constrói vínculos saudáveis com as outras crianças, independentemente de qualquer limitação”, explica.

A inclusão nas quadrilhas juninas não é sobre fazer concessões, mas sobre garantir o direito de cada um viver plenamente sua infância, sua cultura e seus afetos. No compasso da sanfona, o que se dança é a igualdade. E nesse São João, que o exemplo das quadrilhas inclusivas possa ecoar para além da escola — porque diversidade, quando bem acolhida, faz qualquer festa ser ainda mais bonita.