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Tudo sobre o ouro: do câmbio ao investimento seguro

Tudo sobre o ouro: do câmbio ao investimento seguro
Laura Guimarães

Laura Guimarães

30/09/2025 6:05pm

Foto: Acervo Pessoal

Há séculos, o ouro é visto como porto seguro — um ativo que carrega valor intrínseco, serve como reserva de valor e pode proteger a carteira em momentos de turbulência. Mesmo no mundo moderno, com moedas fiduciárias, derivativos e mercados sofisticados, o ouro continua sendo referenciado como ativo “refúgio”.

Entre as vantagens geralmente apontadas estão:
Proteção contra inflação ou desvalorização da moeda, especialmente em cenários de expansão monetária ou fragilidade fiscal;
Diversificação da carteira, reduzindo a correlação com ações ou outros ativos mais arriscados;
Liquidez global, já que é negociado nas principais praças mundiais em dólares.

Panorama recente da cotação do ouro

No Brasil (R$/g):
Nos últimos 12 meses, o preço do ouro oscilou entre R$ 449,56 e R$ 640,96 por grama, acumulando valorização de cerca de +37,5%. Em setembro de 2025, as cotações se mantêm na faixa de R$ 620–640 por grama.

No mercado internacional (US$/oz):
O ouro negocia em torno de US$ 3.700–3.800 por onça-troy, refletindo o movimento global de busca por proteção em um cenário de incerteza.

O fator cambial é decisivo: no Brasil, a valorização ou queda do real frente ao dólar amplifica os movimentos do ouro. Em síntese, o investidor local está exposto tanto ao preço internacional do metal quanto ao câmbio.

Ouro x Selic: vale a pena investir agora?

Com a Selic em 15% ao ano, aplicações de renda fixa (CDBs, Tesouro Selic, LCIs/LCAs) oferecem retornos elevados e praticamente sem risco de mercado. Isso reduz, no curto prazo, a atratividade do ouro, já que este não gera renda, apenas valorização patrimonial.

Por outro lado, o ouro mantém sua função de seguro contra instabilidade. Se o investidor já possui renda fixa atrelada à Selic, faz sentido alocar uma parcela moderada (5% a 15%) em ouro como diversificação, principalmente para proteger contra choques cambiais ou riscos geopolíticos.

Portanto:
Para quem busca retorno imediato e previsível, a renda fixa atrelada à Selic é mais vantajosa.
Para quem busca diversificação e proteção patrimonial, o ouro mantém sua importância estratégica.

Tributação: o que saber antes de vender ouro

No Brasil, o ouro pode ter diferentes classificações:
Se comprado como ativo financeiro (via fundos, ETFs, contratos BM&F): segue a tributação do mercado financeiro, com alíquotas regressivas de IR (22,5% a 15% conforme prazo).
Se comprado como ouro físico (barras, moedas): é tratado como bem móvel. Nesse caso, ao vender e converter em reais, incide Imposto de Renda sobre ganho de capital, com alíquota de 15% a 22,5%, dependendo do valor do ganho.

Importante: existe isenção de IR para vendas até R$ 35 mil por mês, regra aplicável a pessoas físicas na alienação de bens. Ou seja, pequenas vendas mensais podem ser isentas.

Como investir em ouro com segurança

1. Defina seu objetivo: proteção, diversificação ou especulação.
2. Escolha a modalidade adequada:
Ouro físico (barras, moedas);
ETFs como o GOLD11;
Fundos de investimento em ouro;
Contratos futuros (para investidores avançados).
3. Atenção ao risco cambial: alguns produtos têm exposição direta ao dólar.
4. Diversifique: não concentre tudo em ouro, mantenha entre 5% e 15% da carteira.
5. Verifique custos e taxas: de administração, custódia, liquidez.
6. Prefira instituições confiáveis: corretoras e bancos credenciados.

O ouro não substitui a renda fixa no atual cenário de juros altos, mas complementa a carteira como proteção e diversificação. Em tempos de incerteza global, é um ativo que continua preservando valor e oferecendo tranquilidade ao investidor que pensa no longo prazo.

Fontes e dados

- Exchange-Rates.org – Cotações do ouro no Brasil (consultado em 29/09/2025).
- Dólar Hoje – Cotação do ouro 24K em reais (consultado em 29/09/2025).
- Investing.com e TradingView – Cotações internacionais do ouro (XAU/USD), setembro/2025.
- Receita Federal – Regras de tributação de ganho de capital e isenção até R$ 35 mil/mês (atualização 2025).