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Do Vestibular de Medicina à Advocacia Tributária: A Improvável Trajetória Para a Óbvia Escolha

Do Vestibular de Medicina à Advocacia Tributária: A Improvável Trajetória Para a Óbvia Escolha
Jacson Gonçalves

Jacson Gonçalves

09/11/2025 1:00pm

Fotos Arquivo pessoal 


Não poderia começar esta coluna de outra forma senão agradecendo à Equipe da Revista Let’s Go Bahia e ao meu amigo Carlos Falcão, do Grupo Business Bahia, pela valiosa oportunidade de compartilhar um pouco da minha trajetória profissional. Sou filho de um advogado tributarista, Dr. Antonio Carlos Nogueira Reis, o que poderia levar muitos a crerem que a escolha pelo mesmo caminho foi natural, planejada e instintiva. Errado. Já inicio a minha história com dois fatos que, talvez, sejam pouco conhecidos por muitos. O primeiro: antes de me dedicar ao Direito, prestei vestibular para Medicina por duas vezes. Uma feliz não aprovação, que acabou por direcionar meus passos. Posteriormente, em grande dúvida sobre o que realmente queria da vida, obtive aprovação em Direito e Contabilidade, optando então pelo curso de Direito na Universidade Católica, onde minha paixão por essa área se consolidou. O segundo fato relevante é que, apesar de meu pai já ser um advogado experiente, com escritório montado, nunca tive a oportunidade de estagiar com ele.

Na verdade, na contramão do que muitos imaginam, durante a graduação, minha primeira experiência profissional formal – "de carteira assinada" – foi como vendedor em uma loja de roupas, a Fiorucci, no shopping Iguatemi (os mais velhos se lembrarão dessa loja). Após a formação, meu primeiro emprego na área jurídica foi no departamento jurídico do "Paes Mendonça", onde me dediquei à área tributária sob a liderança do Dr. JOHNSON BARBOSA NOGUEIRA. Naquele período, minhas manhãs eram dedicadas ao Paes Mendonça e as tardes ao escritório do meu pai, onde iniciei apenas depois de já ter o diploma em mãos.

Hoje, percebo que, apesar dessas "intercorrências" iniciais – a tentativa da Medicina e a experiência no comércio –, a advocacia já estava, de fato, em minha essência. Creio que essa vocação se manifestou, certamente, pela influência de meu pai, que, por uma feliz coincidência, inaugurou seu escritório em 1966, o mesmo ano do meu nascimento. Minha mãe, D. Regina, cuja perspicácia sempre me surpreendeu, estava certa ao insistir que eu seria advogado, mesmo diante de minhas negativas iniciais. Lembro-me dela, com um sorriso, pontuando: "Você vai herdar todos esses livros velhos do seu pai!", rsrs. A verdade é que me rendi aos encantos do Direito, e mais uma vez, o destino me favoreceu, pois tive a honra e a alegria de ter meu próprio pai como professor de Direito Financeiro/Tributário – um momento em que percebi que a minha escolha se tornou completa. Foi ali que me apaixonei pelo Direito Tributário e nunca mais exerci outra área.

Estudei e ainda estudo muito. Desde o início, procurei inovar em minha formação. Em vez de me limitar aos cursos usuais de Direito Tributário, busquei treinamentos com professores de Contabilidade, auditores fiscais estaduais, municipais, da Receita Federal e do INSS. Essa abordagem diferenciada, tenho certeza, foi um grande diferencial em minha trajetória. Aprendi a discernir "o detalhe", a raciocinar sob a ótica do auditor fiscal, a compreender as regras da Contabilidade e a analisar minuciosamente cada número e demonstrativo anexado aos autos de infração. Essa formação prática me auxiliou de maneira significativa.

É por tudo isso que posso afirmar, com convicção, que sou um advogado na real acepção da palavra. Sou apaixonado pela minha profissão. Minha mente está constantemente voltada para os processos, para as estratégias. Durmo e acordo imerso na busca pela melhor solução para o êxito dos nossos clientes, pela estratégia mais eficiente. Em minha trajetória, sempre tive como diretriz atuar em parceria com as entidades empresariais, lutando ao lado delas. E se alguém me indaga sobre meu "currículo", é com grande honra que menciono minhas posições: sou vice-presidente da Associação Comercial da Bahia - ACB; consultor tributário para a Federação das Indústrias do Estado da Bahia - FIEB, FECOMÉRCIO-BA, e ADEMI-BA; e presidente do Conselho Jurídico da Frente Parlamentar do Setor Produtivo, iniciativa criada na Assembleia Legislativa do Estado da Bahia. Adicionalmente, tive a valiosa experiência de atuar no CARF, em Brasília, por um ano, como conselheiro, julgando processos tributários da Receita Federal, indicado pela CNI/FIEB. Este é o meu "currículo", motivo de grande orgulho!


É com imensa gratidão que ressalto a formação de uma equipe de valor inestimável, composta por advogados que iniciaram no escritório como estagiários e hoje são meus sócios e amigos. Sim, tenho o prazer de liderar uma equipe de amigos, todos preparados para essa batalha incansável que é a atuação contra o Fisco. Não é uma tarefa simples, mas estamos nesta labuta há quase 40 anos. O Nogueira Reis, ao longo dos anos, tem conquistado diversos prêmios na advocacia tributária nacional e, atualmente, integra a maior Aliança de Escritórios de Advocacia do País (ALAE), com atuação em mais de oito países.


Esta é parte da minha história, que se confunde em muito com a do NOGUEIRA REIS ADVOGADOS – e, curiosamente, compartilhamos a mesma idade. Minha missão permanece firme: contribuir para a melhoria do ambiente empresarial na Bahia.


Por fim, hoje, sinto que a família está completa. Por conta desse destino implacável, que tentou me afastar do Direito, mas não conseguiu, tenho o privilégio de ser colega de profissão não apenas de meu pai, como já mencionado, mas também de meu irmão, Sérgio, e de minha esposa, Lívia. E para minha maior alegria, minhas duas filhas, Marina e Marcela, também decidiram seguir o mesmo caminho, tornando-se advogadas. Elas me mostram todos os dias que a vocação existe e que o Direito, definitivamente, gosta de um Nogueira Reis.