Artigos

Vidas Perdidas pelo Amadorismo no Turismo de Aventura: Um Apelo por Segurança

Vidas Perdidas pelo Amadorismo no Turismo de Aventura: Um Apelo por Segurança
Verônica Villas Bôas

Verônica Villas Bôas

24/06/2025 6:00pm

Foto: Freepik

A morte de Juliana Marins, que caiu durante uma trilha em um vulcão na Indonésia, escancara o amadorismo que ainda impera em muitos destinos de turismo de aventura. Juliana não foi apenas vítima de uma queda. Ela foi vítima da ausência de um plano de resgate eficiente e de um sistema que lucra com o risco, mas falha em garantir segurança.

Foram quatro dias até que as equipes conseguissem montar uma operação funcional. Tempo suficiente para expor a verdade: ninguém sabia o que fazer. É inaceitável que um parque que explora financeiramente um vulcão não tenha um protocolo de emergência testado, treinado e equipado.

Vivemos em um mundo onde drones entregam mísseis com precisão e satélites mapeiam desertos, mas onde uma mulher caída numa trilha não recebeu sequer um cobertor térmico ou um kit de sobrevivência. Ela morreu em uma era repleta de tecnologia, mas não teve acesso a elas no momento que mais precisou.

E essa lógica do lucro acima da segurança não é exclusividade da Indonésia. Em 21 de junho de 2025, um balão turístico em Praia Grande (SC) pegou fogo e caiu, matando oito pessoas e ferindo outras 13. Menos de uma semana antes, um outro balão havia caído em Capela do Alto (SP), vitimando uma mulher de 27 anos e deixando 11 pessoas feridas.

As tragédias de Juliana e dos dois acidentes de balão têm a mesma raiz: o turismo de aventura operando sem supervisão adequada. Nem Juliana, nem as oito vítimas de SC, nem a vítima em SP deveriam estar entre as estatísticas. Ambos os casos exigiam controle, preparo e responsabilidade.

A beleza da natureza não pode ser interditada, mas precisa de regras. A comoção precisa virar cobrança. Que haja justiça não só no sentido legal, mas no compromisso real de transformar a forma como o setor lida com o risco.

Nem Juliana Marins, nem as vítimas dos acidentes de balão deveriam estar mortas. Elas deveriam estar vivas. E nós, como sociedade, devemos mais do que lamentar: devemos transformar isso em cobrança para promover a mudança!