A bicentenária Associação Comercial da Bahia (ACB) teve a sua pedra fundamental lançada por D. João VI ao chegar a Salvador, em 1808, escoltado pela marinha inglesa, quando assinou, em contraprestação, a Carta Régia de Abertura dos Portos às Nações Amigas, impulsionando a economia do mar com a permissão dada para navios mercantes ingleses atracar nos portos brasileiros, ampliando alfândegas, estimulando a criação de modernos estaleiros e todos os serviços correlacionados.
Protagonista da história, a mais antiga associação empresarial da América Ibérica, realizou a sua primeira reunião oficial em 1811, conectando comerciantes locais com os portugueses e os ingleses, incrementando o comercio marítimo movido na época à energia eólica, única capaz de movimentar pessoas e mercadorias além mar. Agitando o Porto do Brasil – como era chamado o Porto de Salvador – marcou o Forte de São Marcelo no mapa mundi, conhecido pelos antigos navegantes como umbigo da América do Sul.
Como organização não governamental constituída pela sociedade civil organizada, a ACB assume papel de liderança organizando o mercado, e sediando, em 1820, a primeira Bolsa de Valores do Brasil onde os comerciantes se reuniam para tratar de negócios. Em 1846, instituiu um Curso de Contabilidade por Partidas Dobradas.
Diante do seu palácio sede, na Praça Riachuelo, em 1874, a ACB homenageou os heróis da Guerra do Paraguai, e a Marinha, com um monumento erguido. Em 1941, foi considerada Órgão Técnico Consultivo do Poder Público por decreto federal e declarada de utilidade pública por lei federal. Em 1970, liderou o movimento para a implementação do Polo Petroquímico de Camaçari.
Hoje, inovando, a ACB constituiu núcleos e comissões, dentre eles: educação e cultura, saúde, terceiro setor, micro e pequenas empresas, novos negócios, reputação, sustentabilidade, câmara de conciliação, mediação e arbitragem; infraestrutura de transportes, mulher, turismo, economia do mar, jurídico e segurança pública. À Universidade Aberta da ACB, UNIACB, cabe os programas de capacitação e treinamento.
Inspirada por Oscar Wild quando diz “Os velhos acreditam em tudo, as pessoas de meia idade suspeitam de tudo, os jovens sabem tudo”, a ala Jovem da ACB cresce rapidamente animando e movimentando a Casa, movida por inquietos empresários do futuro que já chegou.
Conhecida como democrática e apartidária por estimular e acolher debates de diversos matizes entre empresários e profissionais liberais, e reconhecida pelos serviços prestados à sociedade, a ACB confere aos propósitos por ela envolvidos uma espécie de “Licença Social”. Ágrafa, emitida pela comunidade, é, hoje, talvez, a mais cobiçada entre todas as licenças oficiais exigidas para qualquer empreendimento – por aferir reputação.
Acompanhando os esforços para inclusão do mar brasileiro, batizado pela Marinha como Amazônia Azul, no cenário da economia, lançou junto com o Pacto Global da ONU, em 2014, a ´Carta da Baía´, declarando o complexo formado por Salvador, e a sua baía mãe de Todos-os-Santos, berços da civilização brasileira, como Capital da Amazônia Azul.
Firmada em fórum presencial pelas Federações das Indústrias, da Agricultura e do Comercio, além do Instituto Geográfico e Histórico, Ministério Público Estadual, Associação Baiana de Imprensa, e universidades; elevou o status dos prefeitos da cidade a um novo patamar internacional reclamado pela Organização Mundial do Turismo quando pediu: “inspirem-se, inovem, reinterpretem e renomeiem seus destinos”. A partir de então, todo alcaide de Salvador exibe o honroso título de prefeito da Capital da Amazônia Azul.
Eduardo Athayde é diretor do WWI no Brasil, e da ACB, onde atua na Comissão de Economia do Mar. [email protected]