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O Império do Arroz com Pauzinho: A Ascensão Pitoresca da Cultura Chinesa no Brasil

Por Adriano Sampaio, Analista de Inteligência de Mercado, CEO da Duplamente Pesquisas

O Império do Arroz com Pauzinho: A Ascensão Pitoresca da Cultura Chinesa no Brasil
Da Redação

Da Redação

06/02/2025 1:05pm

Foto: Acervo Pessoal

Enquanto o mundo gira, a Netflix parece ter encontrado seu novo amor: a China. E não estamos falando de um romance discreto, mas de um casamento arranjado com direito a fogos de artifício, dragões e, claro, muito arroz. O crescimento absurdo de filmes chineses na plataforma não é apenas um fenômeno, é uma invasão cultural tão bem orquestrada que até o algoritmo da Netflix parece ter feito aulas de mandarim. E o Brasil, sempre tão receptivo a modismos, está abraçando essa onda com um entusiasmo que beira o pitoresco.  

A Netflix, aquela amiga que sempre sabe o que você quer assistir antes mesmo que você pense nisso, parece ter decidido que o que você realmente precisa é de uma dose generosa de cinema chinês. Seja um drama histórico cheio de espadas e traições, uma comédia romântica em Xangai ou um filme de kung fu que faz você questionar suas escolhas de vida, a plataforma está empurrando produções chinesas goela abaixo dos assinantes latino-americanos.  

E não pense que isso é coincidência. O algoritmo, aquele mesmo que te recomenda séries baseadas naquela vez que você assistiu a um documentário sobre gatos em 2018, foi ajustado para promover filmes chineses com uma eficiência que até o Grande Wall teria inveja. O objetivo? Familiarizar os latino-americanos com a cultura chinesa. E, convenhamos, nada diz "vamos nos conectar culturalmente" como um filme sobre um imperador milenar enquanto você come pipoca no sofá.  

Enquanto a Netflix faz sua parte, a publicidade brasileira já abraçou a moda chinesa com um fervor que só nós sabemos ter. Anúncios de smartphones, carros elétricos e até mesmo cerveja agora trazem atores asiáticos em papéis que vão além do estereótipo do "nerd da TI". E as novelas? Ah, as novelas! Já podemos imaginar o próximo sucesso das 21h: "Amor à Moda Chinesa", com direito a triângulos amorosos em meio à construção da Nova Rota da Seda e vilões que usam hashi para comer brigadeiro.  

E não para por aí. O futuro, como sempre, reserva surpresas. Em breve, as produções brasileiras podem ter mais atores asiáticos do que negros – um cenário que, além de pitoresco, levanta questões sobre representatividade e apropriação cultural. Imagine só: atores brasileiros usando maquiagem para criar olhos rasgados, enquanto declaram seu amor com sotaque cantado e um hashi na mão. O arroz, claro, estará sempre presente, seja no prato ou como metáfora para a união entre os povos.  

No Brasil do futuro, a influência chinesa será tão grande que as crianças vão crescer achando que o hashi é um utensílio tão brasileiro quanto a cuia de chimarrão. Os reality shows vão disputar quem come mais arroz em menos tempo, e os programas de culinária vão ensinar receitas como "feijoada oriental" – uma mistura de feijão preto com tofu e molho hoisin.  

E os brasileiros, sempre adaptáveis, vão abraçar a moda dos olhos rasgados com maquiagens criativas e tutoriais no YouTube. "Como deixar os olhos mais puxados em 5 minutos" será um dos vídeos mais assistidos, enquanto influencers mostram como combinar hashi com Havaianas. Nas telas, os protagonistas das novelas vão se declarar com frases como "Você é o meu arroz, sem você eu não consigo viver", enquanto comem sushi de picanha.  

Enquanto a Netflix continua sua missão de nos transformar em especialistas em cultura chinesa, o Brasil vai seguindo o fluxo, como sempre, com um pé no futuro e outro no arroz. A influência chinesa na publicidade, nas novelas e até nos hábitos do dia a dia é inegável, e o futuro promete ser ainda mais pitoresco.  

Mas, no fundo, tudo isso reflete a globalização em sua forma mais peculiar: um mundo onde as fronteiras culturais se dissolvem, e onde um brasileiro pode se emocionar com um filme chinês enquanto segura um hashi em uma mão e uma coxinha na outra. E se isso não é progresso, eu não sei o que é.  

Então, preparem-se: o futuro é chinês, e ele vem acompanhado de arroz, hashi e muito, muito streaming. 干杯! (Gānbēi! – ou, em bom português, saúde!)