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O futuro do marketing não tem briefing, e sim algoritmo

Por Adriano Sampaio, Analista de Inteligência de Mercado e CEO da Duplamente Pesquisas

O futuro do marketing não tem briefing, e sim algoritmo
Da Redação

Da Redação

08/04/2025 6:55pm

Foto: Acervo Pessoal

Imagine um mundo onde campanhas publicitárias são criadas não apenas com base em pesquisas de mercado, mas decifrando padrões cerebrais em tempo real. Parece ficção? Prepare-se: a revolução que mistura neurociência, machine learning e dados comportamentais invisíveis já está remodelando a indústria do marketing. E o mais intrigante? Seus concorrentes provavelmente já estão usando essas ferramentas.  

A primeira vítima da inovação tecnológica não foi o brief impresso, mas a ideia de que criatividade humana opera no vácuo. Plataformas como Persado e Phrasee usam algoritmos treinados em milhões de campanhas vencedoras para gerar headlines que convertem 50% mais — não por acaso, mas porque identificam padrões linguísticos que ativam respostas emocionais específicas. Em 2023, a L’Oréal registrou um aumento de 37% no CTR usando copy gerado por IA, personalizado para micro segmentos invisíveis a olho nu. A pergunta que paira: estamos delegando a arte da persuasão às máquinas?  

Aqui a curiosidade vira suspense: empresas como NeuralSense e MindX estão usando wearables de EEG portáteis para mapear, em escala massiva, como consumidores reagem fisiologicamente a anúncios. Imagine testar um storyboard de TV enquanto algoritmos leem ondas cerebrais para prever engajamento antes da produção. A PepsiCo revelou recentemente que ajustou o packaging de uma nova linha de snacks após detectar picos de estresse visual em 68% dos testes — um dado impossível de capturar em focus groups tradicionais. O que isso significa? O "gosto do cliente" agora é um fluxo de dados biométricos em tempo real.  

E se você pudesse prever a próxima tendência de consumo cruzando dados de buscas anônimas, flutuações climáticas e padrões de sono coletados por smartwatches? Startups como Signals Analytics já fazem isso, usando modelos preditivos que identificam demandas latentes com 12 meses de antecedência. Um caso emblemático: uma marca de skincare descobriu que buscas por "proteção contra luz azul" explodiriam meses antes do boom, permitindo-lhe dominar o mercado. A ironia? Os próprios consumidores não sabiam que queriam isso — a tecnologia revelou um desejo inconsciente.  

A próxima fronteira não está em telas, mas em camadas de dados ocultos: algoritmos que leem emoções, sensores que traduzem gestos em intenções de compra, modelos generativos que criam mil variações de um anúncio. Para o publicitário, a mensagem é clara: dominar essas ferramentas não é opcional. A grande questão não é se as máquinas substituirão os criativos, mas como os melhores profissionais estão se tornando arquitetos de sistemas onde tecnologia e intuição humana se fundem. O desafio? Manter-se relevante em um mundo onde, literalmente, até seus pensamentos podem virar insumo para a próxima campanha viral.