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Inovação Sustentável: o novo motor do desenvolvimento industrial na Bahia

Diretor de Relações Corporativas e Licenciamento Ambiental Suzano e um dos painelistas do Summit de Negócios Made in Bahia

Inovação Sustentável: o novo motor do desenvolvimento industrial na Bahia
André Brito

André Brito

25/10/2024 12:00pm

A indústria baiana está em um momento de transformação, com destaque para o desenvolvimento de tecnologias limpas e práticas mais eficientes. Há uma crescente conscientização das empresas locais sobre a importância de inovar, adotando métodos que integram sustentabilidade com resultados econômicos. Exemplo disso é o uso de bioenergia e o reaproveitamento de resíduos industriais, áreas em que a Bahia tem mostrado avanços. Na Suzano, por exemplo, é praticada a “inovabilidade”, união de inovação e sustentabilidade em seus produtos e processos. Com um investimento anual de cerca de R$ 350 milhões, a companhia busca constantemente alternativas renováveis, como substitutos ao plástico e derivados de petróleo, buscando minimizar o impacto ambiental.

As iniciativas de inovação sustentável têm gerado diversos benefícios econômicos, como a criação de empregos, aumento da competitividade global e atração de investimentos internacionais, especialmente nos setores de celulose e energia renovável. Segundo a Associação Baiana das Empresas de Base Florestal (ABAF), o setor gera mais de 220 mil empregos (entre diretos, indiretos e efeito renda), reforçando o impacto econômico positivo da sustentabilidade e incluindo a população em uma economia mais verde e inovadora. 

Um dos principais desafios enfrentados pelas indústrias baianas é o alto custo inicial de implementação de tecnologias sustentáveis, aliado à falta de infraestrutura adequada e à necessidade de qualificação da mão de obra. Para superar esses obstáculos, parcerias público-privadas e investimentos em P&D têm sido fundamentais. A Suzano, por exemplo, tem atuado de forma proativa ao criar fundos de inovação, como o Suzano Ventures, que colabora globalmente com startups focadas em sustentabilidade. Essa iniciativa busca empreendedores com soluções em deep techs para juntos, impulsionar o futuro da bioeconomia. Além disso, a empresa investe na capacitação da mão de obra local por meio de projetos como o Rotas e Travessias, promovendo inclusão e desenvolvimento social das áreas onde temos atuação.

A bioenergia, o uso eficiente da água e o reaproveitamento de resíduos destacam-se entre as tecnologias mais promissoras. A Suzano lidera esses esforços com foco em tecnologias que aumentam a eficiência energética e reduzem o impacto ambiental na produção de celulose, reafirmando seu compromisso com a sustentabilidade. Em 2023, 88% da energia consumida pela empresa foi de fontes renováveis. A Suzano investe historicamente em geração de energia a partir de biomassa e licor negro, tornando muitas de suas fábricas autossuficientes em energia renovável, contribuindo para a transição para uma economia de baixo carbono.

As práticas sustentáveis adotadas pelas indústrias baianas têm sido essenciais para aumentar sua competitividade no mercado global. O cultivo de florestas desempenha um papel crucial na preservação das matas nativas e na mitigação das mudanças climáticas, removendo e estocando carbono, além de fornecer produtos renováveis. Esse manejo sustentável também regula o fluxo hídrico, conserva o solo e mantém a biodiversidade, fatores essenciais para a produção agrícola e a qualidade de vida.

O setor florestal baiano é vital para o comércio do estado, com exportações que alcançaram cerca de US$ 1,17 bilhão em 2020, representando 15% do total das exportações da Bahia. Em 2022, as associadas da ABAF absorveram 258 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (tCO2eq.), superando em 3,7 vezes as emissões do estado. As florestas plantadas, por si só, absorveram 89 milhões de tCO2eq, contribuindo significativamente para o combate às mudanças climáticas. Essas práticas sustentáveis atraem investimentos internacionais e fortalecem a posição das empresas em mercados com critérios ambientais rigorosos. Isso não só melhora a imagem das indústrias baianas, mas também garante sua competitividade e sustentabilidade a longo prazo.

Nos próximos 5 a 10 anos, espera-se que a inovação sustentável continue a crescer na Bahia, impulsionada por avanços em tecnologias verdes e pelo fortalecimento das políticas públicas. Um exemplo significativo é o Plano Bahia Florestal, realizado pela ABAF em parceria com o governo do Estado, que visa diagnosticar o potencial de plantio na Bahia. Esse plano mapeia áreas com potencial para plantio e implementação de indústrias, não apenas de celulose, mas também de setores como a indústria moveleira, que possui grande potencial para geração de empregos e arrecadação de impostos.

Além disso, setores como bioenergia, energia eólica e papel e celulose devem continuar liderando essa transformação, consolidando a posição da Bahia como um polo industrial sustentável no Brasil. A expectativa é que a economia circular e os programas de descarbonização ganhem ainda mais espaço, promovendo uma integração cada vez maior entre sustentabilidade e inovação. Essas iniciativas não só fortalecerão a economia local, mas também contribuirão para a preservação ambiental e a melhoria da qualidade de vida na região.

Por isso é tão importante ter um painel como o de Cidadania e Sustentabilidade num evento como o Summit de Negócios Made in Bahia, que dialogará com empreendedores, lideranças empresariais de diferentes segmentos de serviços e produtos, e também autoridades e jornalistas baianos. Convidamos a todos para participar porque a questão climática não pode estar fora de nenhuma pauta de desenvolvimento econômico e vamos tratar de forma consistente sobre como essa agenda se conecta com a cidadania empresarial e envolve toda a sociedade.