A influência do ambiente na Dermatite Atópica
Por Daniele Pereira, dermatologista da Clínica IBIS - pertencente ao Grupo CITA
A dermatite atópica (DA) é uma condição crônica e inflamatória da pele, resultado de uma complexa interação entre predisposição genética, comprometimento da barreira cutânea e de diversos fatores ambientais. Ela não é uma doença infecciosa nem transmissível. Embora mais comum na infância, a condição pode melhorar na adolescência, persistir ou até surgir na vida adulta, inclusive em idosos. Dentre os sintomas mais comuns estão o ressecamento, a vermelhidão e a coceira, especialmente nas dobras dos membros.
Essas manifestações podem afetar significativamente a qualidade de vida do indivíduo, prejudicando o sono, o desempenho escolar e profissional, além das atividades diárias.Os pacientes com DA repetidamente enfrentam desafios emocionais, como depressão e ansiedade, e podem sofrer bullying. A dermatite atópica também está constantemente associada a outras questões atópicas, como a rinossinusite alérgica, a asma e alergias alimentares.
Na primavera, com as mudanças ambientais e climáticas, observa-se o aumento do pólen e outros alérgenos do ar. Na pele menos protegida, como é o caso da dermatite atópica, esses componentes penetram com mais facilidade, podendo desencadear o processo inflamatório característico dessa doença e o surgimento ou piora dos seus sintomas. Além disso, a temperatura elevada, característica das próximas estações, leva a maior frequência de banhos, promovendo o ressecamento da pele e a sudorese intensa que irrita ainda mais as áreas afetadas, amplificando a coceira, e estabelecendo assim um ciclo de inflamação e dificuldade do controle dessa condição.
Por isso, é importante ter um cuidado com essa pele durante os períodos mais quentes. O hidratante, por exemplo, é um dos pilares mais fundamentais do tratamento, devendo ser escolhidos aqueles sem perfumes, hipoalergênicos e com menor quantidade de substâncias potencialmente irritantes. O uso de medicamentos em creme ou orais não substitui a hidratação!
Medidas simples do dia-a-dia, como aumentar a ingestão de água, optar por banhos mornos rápidos e sem o uso excessivo de sabonetes. Outra dica de ouro é aplicar o hidratante logo após a higienização, com a pele ainda um pouco úmida para facilitar a absorção do produto. Usar roupas com tecidos leves, como algodão, lavadas com sabão neutro, sem adicionar amaciantes perfumados também ajuda a controlar as crises. Manter a casa limpa e livre de poeira, lavando as roupas de cama e aspirando móveis com frequência, deve ser primordial. Além disso, realize o acompanhamento regular com o dermatologista de sua preferência, ajuste a sua rotina e aproveite as estações mais esperadas do ano com maior tranquilidade e conforto.