Phygital evolui a conexão entre organizações e pacientes
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Acredito que a maioria das pessoas já ouviu ou usou a citação "cara de um focinho do outro" para caracterizar situações em que os elementos são tão parecidos, tão próximos de uma igualdade absoluta, que fica difícil se distinguir um do outro.
Felizmente, diferente da maioria dos nossos ditos populares, esta frase não tem nada de verdadeiro e nem traz nenhuma lição, nenhum conselho que sirva como orientação para facilitar a vida. Pelo menos eu ainda não descobri.
Que bom que assim seja. Na realidade, usei esta frase visando chamar a atenção para a avalanche de orientações e conselhos que têm surgido com o propósito, segundo seus autores, de conduzir pessoas para o sucesso ou, para alguns mais escrupulosos, de aumentar as probabilidades de tal ocorrência.
Segundo dizem, para ser bem-sucedido se comporte de tal maneira nas entrevistas para emprego; aja de tal forma com o seu superior hierárquico, freqüente tal grupinho de pessoas em tais solenidades e outros conselhos mais.
Ufa! Cadê "eu"?
Longe de mim pensar em condenar a importância dos referenciais. Aqueles que me conhecem sabem o quanto defendo tais elementos como fundamentais para balizamento das nossas ações, dos nossos comportamentos, visando minimizar as possibilidades de erros.
Valer-se de experiências para enriquecer seu banco de dados de referências e elaborar seu projeto, muito mais do que válida, é uma condição indispensável para a evolução da humanidade, uma prática natural do ser humano, ainda que inconsciente na maioria das vezes. Vide o exemplo da ciência, dos inventos, a evolução da própria tecnologia.
Considero referenciais tão importantes que no Programa "Planejamento de Carreira" que conduzo, voltado para aconselhamento, orientação e desenvolvimento pessoal, trato desse assunto num módulo específico, dando bastante ênfase para os modelos a serem espelhados.
Ocorre que se analisarmos cuidadosamente as diversas orientações, divulgadas em livros e revistas especializadas e, até mesmo, em textos isolados, veremos que a proposta está sendo dirigida muito mais para "MOLDAR" o ser humano, e o que é pior, tomando como base somente as vitórias com relação ao "TER", as pessoas econômica e financeiramente bem-sucedidas.
Tente catalogar e, se possível, praticar os inúmeros mandamentos sobre: como falar em público, como se vestir, como se relacionar bem com as pessoas, como andar, como sentar etc. etc. etc., com variações do "como" em função do ambiente, do que se pretende conquistar, das pessoas que estão em sua volta, mais uma vez etc. etc. etc. Você vai descobrir que caminha para uma condição quase que de autômato, pela amplitude e padronização das mudanças propostas, igual para todos.
O processo "educacional" (educacional?) sugerido tende mais para a "formatação" do que para a "formação" das pessoas e precisamos ter muito cuidado. Podemos estar "formatando" indivíduos tão artificiais, tão atores que, até eles mesmos terão dificuldades, no futuro, para se reconhecer, para se encontrar, para identificar o seu verdadeiro "EU".
Se adequar a cada cenário vivido a fim de se buscar a harmonia com o todo e conquistar resultados é uma necessidade existencial inegável; porém, essa é uma prática que requer, acima de tudo, consciência do pretendido, competência para a construção do caminho que levará ao desejado, equilíbrio e, acima de tudo, uma sólida base de formação ética e moral que oriente e discipline os atos e evite os excessos, sem descaracterizar o indivíduo.
Como se diz popularmente "viver é uma arte"; porém, não tão somente o teatro deve ser a expressão dessa arte e sim uma associação de artes, um composto harmônico que faça do viver um ato sincero, ético, honesto e, principalmente, autêntico, original, único para cada pessoa, sem exageros.
Interessante é que conversando com os jovens descobrimos não ser exatamente este o caminho por eles pretendido. Eles estão dispostos a fazer o que for necessário para construir uma história de realizações pessoais, recheada de sucessos, porém, embasada mais na qualidade de vida do que no acúmulo de bens materiais.
Considerando-se o exposto e que essa enxurrada de "parâmetros para o sucesso", na sua maioria, está sendo propagada por gerações anteriores, a quem se destinam tais orientações?
Também merece voltar a salientar o fato de que as proposições, com raríssimas exceções, estão sendo feitas tendo como referenciais pessoas cujo sucesso é identificado e/ou ressaltado com base quase que tão somente nos seus bens materiais e recursos financeiros e isto é muito perigoso.
Uma coisa é certa: o assunto é complexo e bastante sério já que estamos falando de sociedade, de uma civilização em evolução e não de uma linha de produção em série.
É preciso repensar o nosso papel como pessoas mais vividas, experientes, responsáveis pela educação e transmissão de conhecimentos, princípios e valores para as gerações futuras.
A base para a perpetuação e evolução sadia da humanidade sempre foi a "criação" e a "educação" de pessoas e está mudando muito rapidamente para "fabricação" e "modelagem" de seres. Será que dá certo?
Fiquem alerta. Referenciais devem ser "parâmetros" não "matrizes".
Cuidado.
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