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A sociedade se transforma

Por Walter Sá Schimmelpfeg

A sociedade se transforma
Walter Sá Schimmelpfeng - CEO na Andrade Schimmelpfeng Arquitetura

Walter Sá Schimmelpfeng - CEO na Andrade Schimmelpfeng Arquitetura

28/01/2021 10:00pm

Pode-se afirmar que o sonho de uma vida menos estressante é universal e, especialmente em períodos de mudanças e incertezas, reinventar-se é muito necessário. Em função disso, esses momentos transitórios são de grande valia para o alcance de novos patamares e de níveis mais elevados de satisfação e realização.

As pessoas buscam comodidade no trabalho e na vida pessoal e por isso surgem novas formas de empreender, por causa dessas necessidades. Atualmente, muitas empresas orientam os seus funcionários a trabalharem parcial ou totalmente de outros locais além de suas fronteiras físicas, criando, assim, a tendência a um conceito de local de trabalho itinerante ou “híbrido”. Isso muitas vezes faz o ambiente de moradia se transformar também em ambiente laboral. Assim, o mercado imobiliário se adapta às novas exigências impostas pela realidade. Localização, espaços dedicados, ferramentas auxiliares apropriadas, facilidades para a gastronomia, esportes e serviços de governança são alguns exemplos criados para esses novos desejos.

Um movimento relativamente comum e atual é o de famílias se instalarem nas cidades de acordo com a oferta de moradias e em áreas próximas à escola dos filhos, e um dos ganhos dessa tendência é a melhoria do trânsito que, por consequência, leva também à redução da emissão de CO2, devido à diminuição do transporte individual feito por veículos. Tudo isso condiz com as exigências de uma vida que tende a valorizar o conceito com tons mais verdes do ambientalismo.

Então, que alternativas poderiam ser implementadas para uma vida mais sustentável e ambientalmente mais amigável?

A resposta é simples: criar situações de autonomia local. O incentivo de lazer e serviços nos parques e ambientes próximos das residências, por exemplo, colabora para um cenário socioambiental mais equilibrado. Neste sentido, a ideia do “modelo policêntrico”, com a implantação de “cidades de quinze minutos”, é uma tendência muito interessante para a preservação do meio ambiente, pois as principais necessidades das pessoas podem ser atendidas com pequenos deslocamentos. Várias metrópoles já se esforçam para construir esse modelo, a exemplo de Paris, Portland, Chicago e Singapura.

"O sonho de uma vida menos estressante é universal e, especialmente em períodos de mudanças e incertezas, reinventar-se é muito necessário"

(Walter Sa Schimmelpfeng)

Na adequação da realidade econômica às condições das pessoas, o uso de ferramentas e tecnologias apropriadas nos projetos de arquitetura permite a maximização dos espaços individuais e coletivos. Uma dessas ferramentas (hoje já consagrada) é o Building Information Modeling (BIM), que concilia o projeto à utilização das quantidades corretas de materiais e aos conceitos de uma construção enxuta (Lean Construction), assim como equilibra os espaços, balanceando homogeneamente esses ingredientes, trazendo economia e produtividade a serviço do cliente e da natureza.

Se por um lado há tantas possibilidades de inovação e ações criativas nos projetos de construção, por outro a indústria cimenteira se destaca como uma das mais expressivas nos níveis de emissões de CO2 (provavelmente está entre as cinco que mais se destacam) e talvez por este motivo o mercado de construção civil está sendo cada vez mais exigido no sentido de contribuir com soluções que ajudem na redução desse gás de efeito estufa.

Ademais, quando se desperdiça menos, se ganha mais, na concepção mais ampla desse conceito! Menos desperdício significa menos lixo, menos reciclagem, menos materiais e mais economia e aproveitamento dos recursos disponíveis. Esse ciclo reflete bem a consciência de retomada do crescimento com sustentabilidade.

A criação de mais selos ecológicos pode ser uma ótima iniciativa tanto na área pública quanto na privada e, certamente, ajudaria a chancelar as melhores construções e empreendimentos e a motivar o crescimento do mercado imobiliário. Além disso, essa chancela pode influenciar positivamente a escolha do cliente na hora da aquisição de um imóvel, seja para investimento, trabalho, moradia ou uma combinação de alguns desses elementos.

Cada dia mais, a sociedade se transforma e as técnicas se adaptam. Os espaços que já se tornaram exíguos nos grandes centros urbanos poderão ser compensados com conforto e funcionalidade. As áreas voltadas somente para o indivíduo poderão ceder mais espaço às necessidades coletivas de convivência e de sociabilidade, interagindo com os conceitos de sustentabilidade.

Dessa forma, naturalmente, o mercado exigirá respostas para esses novos pré-requisitos; e as soluções que serão oferecidas, certamente, virão com boas doses de criatividade, de economia e com diferentes tonalidades de “verde”.