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Amazônia Azul

Por Eduardo Athayde

Amazônia Azul
Eduardo Athayde - Diretor da Rede WWI no Brasil

Eduardo Athayde - Diretor da Rede WWI no Brasil

22/01/2021 10:00pm

Amazônia Azul é um inteligente conceito cunhado pela Marinha do Brasil, baseado na Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM), que estabeleceu uma Zona Econômica Exclusiva (ZEE) marítima de 200 milhas náuticas de largura para todos os países costeiros. No Brasil, essa ZEE forma um território molhado de 5,7 milhões de km2 que circunda toda a costa brasileira, uma área maior do que a Amazônia verde, onde a camada líquida, o solo e o subsolo marítimo (pré-sal), de riqueza incalculável, foram agregados ao patrimônio nacional.

A Baía de Todos-os-Santos (BTS), pela sua posição geográfica central na costa oceânica e a condição histórica de berço da civilização brasileira, foi declarada em ato solene, no Palácio da Associação Comercial da Bahia (ACB), em 2014, como sede da Amazônia Azul, com o lançamento da Carta da Baía de Todos-os-Santos, assinada conjuntamente pela ACB, Federação das Indústrias e Federação do Comércio do Estado da Bahia, IBAMA, Inema, Ministério Público Estadual, Associação Bahiana de Imprensa, Clube de Diretores Lojistas, Rotary e tantos outros que lotaram o salão nobre daquela bicentenária casa. Na oportunidade, Salvador foi aclamada como Capital da Amazônia Azul, visando atrair para a cidade importantes e lucrativos debates, nacionais e internacionais, sobre a economia do mar.

Durante uma reunião do Conselho Executivo da Organização Mundial do Turismo (OMT), com 170 participantes de 54 Estados-Membros e mais 23 países observadores, o relevante papel das rotas de turismo na promoção do desenvolvimento regional sustentável foi destacado, reforçando a importância da coordenação dos setores público e privado, e do branding, como fatores fundamentais para a atração do turismo e o desenvolvimento dessas novas rotas.

"Salvador foi aclamada como Capital da Amazônia Azul, visando atrair para a cidade importantes e lucrativos debates, nacionais e internacionais, sobre a economia do mar" 

(Eduardo Athayde)

“É imperativo que reconstruamos o setor do turismo, garantindo que o turismo recupere sua posição como provedor de empregos decentes, rendimentos estáveis e a proteção de nosso patrimônio cultural e natural”, afirmou Zurab Pololikashvili, secretário-geral da OMT, que acaba de instalar um dos quatro novos escritórios da OMT no Brasil.

O turismo atinge quase todas as partes de nossas sociedades e é a pedra angular do crescimento e do emprego, tanto nas economias desenvolvidas quanto nas que se encontram em desenvolvimento.

Além da inata vocação para o turismo, a Capital da Amazônia Azul tem, no SENAI/Cimatec, da FIEB, um hub de alta tecnologia, reconhecido internacionalmente, para os negócios da “Economia Azul”, que, sozinha, rende R$ 2 trilhões por ano ao Brasil, o equivalente a 19% do PIB, incluindo a indústria naval, a produção de petróleo e gás, a defesa, o transporte marítimo, a extração de minérios, o turismo, a pesca, além das festas populares ligadas ao mar e da culinária marinha, que fazem do mar brasileiro uma pujante economia. A BTS é um berço natural para encontros, debates e negócios da economia do mar.

Neste novo cenário internacional de baixo carbono e energias renováveis, quanto será que vale a energia do vento, do sol e das marés da BTS? Quantas cidades podem ser abastecidas com essas fontes limpas? Se forem valoradas e precificadas, o seu potencial energético natural poderá ser monetizado, ajudando também a incrementar receitas da ponte-usina Salvador-Itaparica.

No momento em que as três principais agências de risco internacionais – Standard & Poor’s (S&P), Fitch e Moody’s – adotam a plataforma dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da ONU, como base para a análise dos investimentos globais que usam critérios ESG (Environment, Social and Governance), que já ultrapassam os US$ 40 trilhões, a Cidade do Salvador está diante de importantes fatos novos para orientar a sua gestão - quanto vale o mar?