Phygital evolui a conexão entre organizações e pacientes
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Por: Renata Abreu
Quem adquire arma de fogo diz que é para defesa pessoal, sob alegação que essa necessidade é fruto do meio social em que vivemos. Respeito, mas não concordo. Para mim, armar a população passa longe de ser a melhor solução. E admito: tenho pavor de armas!
Não faço parte apenas do coro dos descontentes com as recentes medidas do governo federal que facilitam ainda mais o acesso a armas e munições. Eu também engrosso o coro dos preocupadíssimos com as alterações anunciadas, aumentando de quatro para seis a quantidade de armas que uma pessoa pode comprar. E quem tem porte, sair de casa com duas armas. Se já me assusta uma arma na mão, imagine duas mãos armadas na rua e seis dentro de casa! Prá quê tantas armas?
Segundo a PF, no ano passado foram registradas 179.771 novas armas na categoria cidadão, aumento de 91% ante o registrado em 2019 (80.613). Qualquer pessoa que tenha dinheiro para pagar um registro e comprar arma pode ter uma arma. Ou seis, conforme o decreto governamental recentemente divulgado.
Ah, mas para adquirir uma arma de fogo, a pessoa terá de passar por um processo rigoroso, com várias aulas, provas, exames psicológicos, vida pregressa e por aí vai. Depois disso, ela estará preparada emocionalmente para apertar o gatilho em defesa pessoal. Sério isso? Sinceramente, desconfio que mais armas irão parar na criminalidade. Até Jair Bolsonaro, com todo o seu treinamento militar, durante um assalto preferiu, acertadamente, não partir para o confronto e entregou sua pistola Glock 380 para o bandido.
Tem muita gente por aí que é pavio curto, que age impulsivamente e tem dificuldades de controlar a agressividade, pois sua ação é mais rápida do que seu pensamento. Com uma arma na mão, a pessoa se sente corajosa e poderosa, e vai acabar provocando mais tragédias.
Lembro-me de um episódio ocorrido com um conhecido. Ele aguardava vaga para estacionar numa rua, de olho pelo retrovisor num carro em manobra. Quando esse veículo saiu, ele mal teve tempo de engatar a ré e o espaço foi ocupado por outro automóvel. Pegou uma arma no porta-luvas e com ela em punho foi na direção do ‘espertinho’. Chegou a apontar o revólver para o motorista, mas, ao olhar para o banco traseiro, viu uma criança na cadeirinha. Foi um choque. Pôs as mãos na cabeça e começou a chorar. Faltou pouco para que mais uma briga de trânsito terminasse em tragédia por quem tinha uma arma ao alcance.
Assim que os decretos do presidente da República para facilitar o acesso a armas foram anunciados, pensei na violência doméstica. Temos lutado tanto para diminuir os índices de feminicídio, com projetos de lei e novas leis que protejam mais as mulheres e que levem à erradicação do machismo estrutural no país. Muitas mulheres morrem por força de conflitos domésticos. A flexibilização da posse de arma de fogo irá potencializar o risco de mortes se o agressor tiver fácil acesso a um revólver ou pistola.
Pensei também nos suicídios num país que convive com índices crescentes de depressão. Como o suicídio costuma ser um ato impulsivo, o meio estando à mão contribui.
Armar a população para que ela se defenda da violência só demonstra que estamos falhando como Nação, jogando no colo do cidadão uma responsabilidade que é dos governantes. Não precisamos de mais armas, mas de políticas públicas eficientes que reduzam os elevados índices de criminalidade registrados pelos quatro cantos do país.
Renata Abreu é presidente nacional do Podemos e deputada federal por São Paulo.
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