Presidente da Autistas Brasil traz voz da autorrepresentação ao XX Congresso da ABM e fala sobre Desafios da Inclusão Educacional

Foto: Divulgação / ABM

O pesquisador da Unicamp e ativista Guilherme de Almeida, presidente da Autistas Brasil - Associação Nacional para a Inclusão das Pessoas Autistas, estará em Salvador para participar do XX Congresso da ABM - Associação Bahiana de Medicina, que acontece nesta quinta e sexta-feira, 11 e 12, em Ondina.

Diagnosticado com TEA - Transtorno do Espectro Autista apenas na vida adulta, durante o mestrado, Almeida transformou sua experiência pessoal em uma bandeira de luta pela inclusão educacional. De acordo com o profissional, o acesso a adaptações e suporte adequado foi fundamental para seu percurso acadêmico e profissional. “Tive a sorte de contar com uma família que me apoiou e com professores que acreditaram em mim. Mas sorte não pode ser o critério para garantir direitos. A educação é um bem comum, não um privilégio eventual. Quando o acesso à escola inclusiva depende do acaso, a sociedade falha em sua responsabilidade. O desafio é transformar a sorte em política pública: fazer da inclusão uma regra, e não uma exceção”.

No Congresso, Guilherme será um dos participantes do painel “Inclusão, Políticas Públicas e Ética no Cuidado ao Autismo”, marcado para o segundo dia do encontro, quando abordará o tema “Autismo e Escolarização: Desafios da Inclusão Educacional”. Sua fala promete trazer a perspectiva de quem vivencia o TEA de forma direta, reforçando a importância da autorrepresentação no debate público.

Fundada em 2020, a Autistas Brasil é uma organização nacional de advocacy que atua na defesa dos direitos das pessoas autistas, com foco em autodefensoria, educação inclusiva e inserção no mercado de trabalho. A Autistas Brasil reúne hoje autistas de todas as regiões do país, articulando incidência política e produção científica para avançar em inclusão, trabalho e justiça cognitiva, sendo a maior do país.

O XX Congresso da ABM terá como foco o diagnóstico assertivo e o cuidado integrativo de pessoas com TEA, reunindo especialistas da Bahia, São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná para debater avanços científicos e estratégias multidisciplinares que envolvem saúde, educação e família. De acordo com o IBGE, um em cada cem baianos já recebeu diagnóstico de TEA, o que corresponde a aproximadamente 145 mil pessoas no estado. 

Para o neurologista Daniel Silva Azevedo, especialista em transtornos do neurodesenvolvimento, o autismo deixou de ser uma condição rara para se tornar um dos maiores desafios de saúde pública da atualidade. “Discutir o TEA de maneira séria e multidisciplinar é fundamental para garantir diagnósticos mais precoces e assertivos, além de estratégias de cuidado que realmente façam diferença na vida dos pacientes e de suas famílias”, destaca.

O encontro científico vai reunir cerca de 200 participantes, entre médicos, residentes, profissionais de saúde e estudantes, que acompanharão discussões sobre diagnóstico precoce, terapias baseadas em evidências e redes de apoio para inclusão e qualidade de vida. Para conferir a programação completa, acesse: https://www.abmeducacaopermanente.org.br/eventos/2025/09/11/xx-congresso-da-associacao-bahiana-de-medicina.html#Programacao