Foto: Luigi Jovane/USP
O Brasil acaba de apresentar oficialmente à Organização das Nações Unidas (ONU) uma nova reivindicação territorial no fundo do Oceano Atlântico: uma área submersa de aproximadamente 200 mil km² — equivalente ao território da Espanha. A região faz parte da Elevação do Rio Grande, uma cadeia montanhosa oceânica localizada a cerca de 1,5 mil km da costa do Rio de Janeiro.
O interesse estratégico na área está diretamente ligado à presença de depósitos de crostas de ferromanganês e nódulos polimetálicos, ricos em elementos considerados críticos para tecnologias sustentáveis, como veículos elétricos, baterias de longa duração e painéis solares. Entre eles estão cobalto, níquel, titânio, platina, tântalo e terras raras — conhecidos como "minerais do futuro".
A solicitação foi enviada à Comissão de Limites da Plataforma Continental (CLPC), órgão ligado à ONU responsável por analisar seções do leito marinho que podem ser legalmente incorporadas à plataforma continental estendida de um país, com base na Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (UNCLOS).
Se aprovada, a reivindicação garante ao Brasil direitos exclusivos de exploração e aproveitamento dos recursos minerais dessa área — o que pode representar um salto estratégico e econômico em um cenário global marcado pela disputa por matérias-primas essenciais à descarbonização.
Além dos aspectos econômicos, a ação também é considerada uma afirmação geopolítica do Brasil sobre sua zona de influência no Atlântico Sul. Segundo o Ministério das Relações Exteriores, a reivindicação é fruto de mais de 20 anos de estudos geológicos, geofísicos e oceanográficos conduzidos pela Marinha do Brasil e instituições de pesquisa.