Inteligência Artificial revoluciona a prevenção do glaucoma na América Latina
Tecnologia amplia acesso a exames acessíveis e pode reduzir casos de cegueira irreversível
Créditos da foto: Divulgação / Eduardo Quintela
A Inteligência Artificial desponta como uma das mais promissoras aliadas no combate ao glaucoma, doença conhecida como o “ladrão silencioso da visão” e principal causa de cegueira irreversível no mundo. Sem apresentar sintomas iniciais, a condição atinge milhões de pessoas e, na América Latina, três em cada quatro portadores sequer sabem que convivem com ela.
Entre as soluções mais avançadas está o RetinaLyze, software que utiliza algoritmos treinados em milhões de imagens para analisar fotografias da retina e do nervo óptico. O sistema detecta alterações sutis em fases iniciais da doença, quando o tratamento é capaz de evitar a progressão da perda visual. Com precisão comparável à análise de especialistas, a tecnologia mede pixel a pixel a quantidade de hemoglobina nos vasos sanguíneos e identifica áreas de baixo fluxo típicas do glaucoma.
O grande diferencial é a acessibilidade: portátil, de baixo custo e de rápida execução, o exame pode ser realizado em consultórios, postos de saúde e até mesmo em programas de telemedicina. Técnicos em oftalmologia conseguem capturar as imagens, processadas em segundos pelo software, enquanto médicos direcionam a atenção aos casos mais graves. Estudos indicam que esse modelo de triagem pode reduzir em até 60% a sobrecarga dos sistemas de saúde.
No Brasil, onde mais de 1 milhão de pessoas convivem com o glaucoma e cerca de 2% da população acima dos 40 anos está em risco, a ausência de políticas públicas de rastreamento sistemático ainda faz com que muitos diagnósticos sejam tardios. Para o oftalmologista Roberto Lauande, a IA oferece a chance de mudar esse cenário: “Um exame de triagem para glaucoma precisa ser barato, depender pouco da resposta do paciente e, principalmente, ser preciso. Dentre todas as tecnologias disponíveis, acredito que o RetinaLyze é a que mais se aproxima do ideal para a triagem populacional”.
Ao democratizar o acesso a exames antes restritos a grandes centros, a Inteligência Artificial representa não apenas inovação tecnológica, mas também um impacto social significativo. Para especialistas, trata-se de uma resposta concreta a um dos maiores desafios da saúde pública, com potencial para preservar a visão de milhões de pessoas.