Mais de 100 empresas serão homenageadas por apoiar o Hospital Martagão Gesteira
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A Maré Produções Culturais, plataforma de experiências e negócios culturais, vai lançar no Dia Mundial da Saúde, 7 de abril, o projeto ‘Histórias da Vida’, documentário de média-metragem que traz narrativas que evidenciam o impacto positivo da arte e da cultura na promoção da saúde física e mental, para reafirmar o valor da arte como parte essencial da vida. Baseado em relatos de onze personagens baianos que tiveram suas vidas transformadas por meio de ações e expressões artísticas, o filme ficará sediado no canal do Youtube da produtora.
"O projeto chama-se Histórias da Vida porque toda história é um pedaço da memória e do patrimônio cultural do nosso país. Queremos mostrar como o contato e a prática com a arte e a cultura podem colaborar para a saúde física e mental das pessoas. Em um momento em que a arte está sendo atacada e, muitas vezes, criminalizada, é fundamental reafirmar a importância do papel da cultura”, declara a diretora-geral da Maré, Fernanda Bezerra.
O filme retrata em 10 capítulos as histórias de pessoas de diferentes gêneros, raças, idades e classes sociais, que compartilham suas vivências com as artes. A partir de múltiplos pontos de vista, ex-pacientes, profissionais de saúde e pessoas que tiveram seus familiares acometidos por enfermidades mostram como a música, a literatura, a dança, a teatro e outras expressões culturais foram poderosas aliadas na ressignificação de suas vidas e na busca da saúde como bem-estar físico e mental.
Para o médico-cirurgião e um dos personagens do documentário, Dr. Lucas Silva, as diversas manifestações de arte têm o poder de interferir na visão de mundo e nas relações interpessoais. Lucas é o criador do grupo Canto Coral, formado por pessoas que tiveram câncer de laringe e colocaram prótese fonatória e partilha sua história junto a Wilde Sento Sé, ex-paciente e hoje um dos membros do grupo. “O coral estreita o vínculo entre o profissional de saúde e o paciente, trazendo benefícios para todos. A arte estimula a reflexão, o pensamento crítico e a vida em sociedade”, afirma o especialista, ressaltando a importância dessas iniciativas para a promoção da saúde e do bem-estar. “No momento que a arte traz os pacientes para as reuniões e estimula o trabalho em equipe, ela tem relação direta com a reabilitação funcional, psicológica e social. E isso é promover saúde”, conclui o médico.
Desde de sua fundação, em 1947, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece a importância das artes em seu trabalho de promoção e comunicação da saúde, definida como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença ou enfermidade.” Nas últimas décadas, as inovações que incorporam as artes têm sido usadas para melhorar a saúde física e mental e o bem-estar nas comunidades, proporcionar impactos terapêuticos, reabilitadores e preventivos, aumentar a conscientização sobre a saúde e contribuir para a preparação para emergências. Em 2019, o departamento europeu da OMS partilhou um relatório que sintetiza as evidências globais sobre o papel das artes na melhoria da saúde e do bem-estar. Os resultados de mais de 3.000 estudos identificaram um papel importante para as artes na prevenção de problemas de saúde, promoção da saúde e gestão e tratamento de doenças ao longo da vida.
O filme também retrata como a arte pode ajudar pessoas a atravessarem momentos de perda e luto. Após o falecimento de sua mãe em decorrência de um câncer, a atriz e escritora Mônica Santana, de 43 anos, resolveu transformar a dor da ausência em arte, como forma de levar inspiração para outras pessoas que passam pela mesma situação. Em parceria com a irmã e uma amiga que também havia perdido a mãe, em 2020 ela lançou um livro com crônicas e fotografias sobre sua a vivência. “A arte nos possibilita transformar a nossa posição no mundo, o nosso olhar sobre nós mesmos”, pontua, reforçando que a escrita foi o espaço de organização do luto que ela estava vivendo. “O processo da escrita me deu chão”, confessa. A história de Mônica faz parte do documentário, que evidencia o papel crucial da arte também para a promoção da saúde mental.
Processo criativo
No filme escrito e dirigido por Dayse Porto, fundadora da Movida Produtora de Conteúdo, a ideia central é evidenciar a cultura de uma forma vital e não como algo a ser deixado em segundo plano. De acordo com a diretora, as artes estão relacionadas ao que é mais intenso e forte na experiência humana porque são as próprias expressões de sentimento, pensamento , apreensões, em diversas camadas e linguagens. “Foi a partir dessas discussões que a gente pensou nesse argumento, que é contar histórias que envolvam situações de risco de saúde, perdas, adoecimento e a conexão com a arte e o seu papel na ressignificação da vida”, justifica.
Durante o processo de pesquisa, a equipe buscou pessoas que apresentassem perfis com histórias e vivências reais, com diversidade de raça, gênero, idade, região, contexto de vida, entre outros aspectos. “Para mim é muito transformador, você realmente aprende a resiliência e entende o papel que a arte e a cultura têm em nossa vida. Quando tudo está sem sentido, são as expressões artísticas que fazem a gente olhar o mundo a partir de novos ângulos e buscar beleza, ainda que em meio à dor”, afirma Dayse, ressaltando que o filme se propõe a tocar as pessoas por meio das narrativas dos personagens e fazer com que elas prestem mais atenção na forma como têm vivido suas vidas de uma forma geral.
De acordo com a diretora, um outro fator importante é que a equipe não buscou focar somente no uso das artes com finalidade terapêutica (por meio de arteterapia ou musicoterapia, por exemplo). O filme mostra os impactos positivos da arte como elemento cotidiano, seja através do consumo de bens culturais (como livros, músicas, filmes, etc,) ou da prática de atividades artísticas, seja de forma amadora ou profissional. Ou seja, são todos os lados da experiência da arte como elemento vital.
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