Superfungo: o que se sabe sobre o 1º caso de infecção por C. auris no Brasil
Anvisa emitiu alerta e organizou uma força-tarefa na Bahia após primeiras análises indicarem infecção de paciente com Covid-19 por fungo resistente a medicamentos
Nesta segunda-feira (7), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu um alerta sobre a identificação de um possível caso de infecção pelo fungo Candida auris no Brasil. O microrganismo foi identificado em uma amostra de ponta de cateter de um paciente internado com Covid-19 em uma unidade de terapia intensiva (UTI) para adultos na Bahia.
O resultado de suspeita da amostra foi confirmado pelo Laboratório Central de Saúde Pública Profº Gonçalo Moniz (LACEN/BA) e pelo Laboratório do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP). Análises fenotípicas para verificar o quão sensível ou resistente o microrganismo é ainda devem ser realizadas, bem como um sequenciamento genético. Esses testes serão realizados no Laboratório Especial de Micologia da Escola Paulista de Medicina (LEMI–UNIFESP).
"A Candida auris é um fungo emergente que representa uma séria ameaça à saúde pública", escreveu a Anvisa. Segundo o órgão, o perigo do microrganismo reside em algumas de suas características. A principal delas é que ele é resistente a medicamentos antifúngicos geralmente usados para combater o gênero Candida. Em alguns casos, já foram até mesmo identificadas cepas de C. auris que resistem às três principais classes de fármacos antifúngicos: polienos, azóis e equinocandinas. Por isso, o C. auris foi apelidado de superfungo.
Além disso, sua identificação requer métodos laboratoriais específicos, pois ela pode ser facilmente confundida com outras leveduras. Ela também pode permanecer por longos períodos no ambiente e é resistente a vários desinfetantes. Uma vez contaminado pelo fungo, o paciente pode sofrer infecção na corrente sanguínea, o que pode ser fatal, principalmente para quem tem comorbidades, alerta a Anvisa.
Em resposta ao caso na Bahia, a agência organizou uma força-tarefa com órgãos de saúde pública e segurança sanitária. “Uma investigação epidemiológica será conduzida pelo estado e município de Salvador para verificar se existe a contaminação de outras pessoas do serviço de saúde”, anunciou no alerta.
Apesar deste ser o primeiro caso diagnosticado no Brasil, o fungo já é bem conhecido em outras regiões da América Latina. Em outubro de 2016, por exemplo, a Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) publicou um alerta sobre os surtos de Candida auris no continente.
As informações são da Revista Galileu.