Saúde

Ovodoação ganha espaço entre mulheres brasileiras e alcança até 99,9% de sucesso após três tentativas

Especialista explica quem recorre ao método e por que a técnica se tornou um dos caminhos mais eficazes da medicina reprodutiva

Ovodoação ganha espaço entre mulheres brasileiras e alcança até 99,9% de sucesso após três tentativas
Jacson Gonçalves

Jacson Gonçalves

22/11/2025 2:00pm

Foto: Divulgação


O adiamento da maternidade, cada vez mais comum no Brasil, tem ampliado a busca por alternativas eficazes para mulheres que enfrentam limitações na fertilidade. Entre essas opções, a ovodoação desponta como uma das técnicas mais seguras e eficientes da reprodução assistida, demonstrando taxas de sucesso que podem chegar a 99,9% após três tentativas, segundo especialistas da área.


A procura tem crescido principalmente entre mulheres acima dos 40 anos, faixa etária em que a reserva ovariana costuma sofrer queda acentuada. Para muitas delas, o tratamento torna-se a alternativa mais viável após tentativas frustradas de engravidar com óvulos próprios. “Ainda existe receio inicial quando o assunto é gestação por ovodoação, mas isso tem mudado. Cada vez mais mulheres chegam ao consultório conhecendo histórias reais de outras famílias que recorreram à técnica”, explica o Dr. José Landeras, diretor do IVI Murcia, grupo ao qual pertence o IVI Salvador.


Além da idade, o método é indicado para pacientes com falência ovariana prematura, menopausa precoce, histórico de cirurgias que comprometeram os ovários, doenças hereditárias ou efeitos de tratamentos como rádio e quimioterapia. Também pode ser recomendado em casos de repetidas falhas de fertilização in vitro convencional.


O processo envolve critérios rigorosos para a escolha da doadora, contemplando compatibilidade genética, grupo sanguíneo e características fenotípicas. A legislação brasileira exige sigilo absoluto sobre a identidade das doadoras, permitindo apenas a divulgação da idade e do tipo sanguíneo para fins clínicos. A partir da seleção, a paciente passa por um protocolo de preparo uterino, seguido da transferência embrionária — um procedimento simples e indolor, que dispensa anestesia.


Os avanços da epigenética também têm contribuído para reduzir o estigma da técnica. Pesquisas apontam que o ambiente uterino exerce influência sobre a expressão genética do embrião, reforçando o papel da gestante no desenvolvimento do bebê. Tecnologias como o Perfect Match 360º, que auxiliam na escolha da doadora mais compatível, têm aumentado ainda mais a confiança das pacientes no processo.


Atualmente, mais de 30% das mulheres atendidas nas unidades IVI realizam o sonho da maternidade por meio da ovodoação, número que reflete não apenas as altas taxas de eficácia, mas também a mudança cultural em torno do tema. Com informação qualificada e acompanhamento especializado, a técnica torna-se um caminho possível, seguro e emocionalmente saudável para mulheres e famílias que desejam engravidar.