Saúde

Detecção precoce salva vidas: colonoscopia é aliada no combate ao câncer colorretal

Detecção precoce salva vidas: colonoscopia é aliada no combate ao câncer colorretal
Da Redação

Da Redação

21/07/2025 4:47pm

Foto: Freepik

Em meio à crescente conscientização sobre a importância da detecção precoce do câncer, a cantora Preta Gil usou sua voz para alertar o público sobre um tema ainda pouco discutido: o câncer colorretal. Essa forma de tumor, que afeta o cólon e o reto, é a terceira mais comum no Brasil, tanto entre homens quanto mulheres, ficando atrás apenas dos cânceres de pele não melanoma, próstata e mama. Apesar da alta incidência, o exame mais eficiente para prevenir e diagnosticar precocemente a doença — a colonoscopia — ainda não faz parte da rotina de muitos brasileiros.

A colonoscopia é um exame simples, mas fundamental. Permite visualizar todo o intestino grosso e identificar lesões precursoras, como os adenomas — pequenos pólipos que podem evoluir para câncer se não forem removidos. Para quem não tem histórico familiar da doença, a recomendação médica é realizar o primeiro exame aos 45 anos. Caso os resultados sejam normais, a repetição pode ser feita a cada cinco anos. Já para quem tem parentes de até segundo grau diagnosticados com câncer colorretal, o ideal é iniciar o rastreamento aos 45 anos ou 10 anos antes da idade do diagnóstico do familiar.

De acordo com o Dr. Arnaldo Urbano Ruiz, cirurgião geral e oncológico da Beneficência Portuguesa de São Paulo, o diagnóstico precoce é o principal aliado contra o câncer colorretal. “Quando detectado nas fases iniciais, o tratamento é menos complexo e as chances de cura são significativamente maiores. Já em estágios avançados, a doença se torna mais agressiva e difícil de tratar”, afirma.

Casos mais raros e hereditários, como a Polipose Adenomatosa Familiar (PAF) e a síndrome de Lynch, demandam atenção especial. Nesses casos, o risco de desenvolver câncer é altíssimo e pode ser necessário iniciar o rastreamento ainda na adolescência, inclusive com testes genéticos.

Preparo é essencial para a segurança do exame

Embora seja um exame seguro, a colonoscopia envolve riscos que podem ser minimizados com o preparo adequado, que inclui uma dieta específica e o uso de laxantes para limpar completamente o intestino. Entre os raros efeitos adversos estão a perfuração intestinal e sangramentos, geralmente associados à remoção de pólipos. Quando o intestino está limpo, até complicações como perfurações podem ser manejadas com menos impacto.

“O risco é extremamente baixo: nos melhores centros, há apenas um caso de complicação a cada 4.500 exames. Mesmo assim, é preciso respeitar as orientações médicas e realizar o exame apenas quando indicado”, orienta o Dr. Arnaldo.

Sinais de alerta e a importância do diagnóstico precoce

Embora o câncer colorretal possa se desenvolver silenciosamente, alguns sinais merecem atenção: alteração no hábito intestinal (constipação ou diarreia), presença de sangue nas fezes, fezes escurecidas, sensação de evacuação incompleta, dores abdominais frequentes, anemia sem causa aparente e perda de peso involuntária. Esses sintomas, sobretudo após os 45 anos, devem motivar a busca por avaliação médica imediata.

Além da colonoscopia, o estilo de vida desempenha papel decisivo na prevenção. Praticar atividade física regular, manter uma dieta rica em fibras e grãos, limitar o consumo de carne vermelha, evitar alimentos ultraprocessados, embutidos, álcool em excesso e não fumar são atitudes que ajudam a reduzir o risco da doença. O sedentarismo, o tabagismo e o sobrepeso são fatores que aumentam significativamente as chances de desenvolver câncer colorretal.

“O intestino de quem pratica atividade física funciona melhor, o que reduz o tempo de exposição da mucosa a substâncias potencialmente cancerígenas presentes nas fezes. Isso diminui o risco de formação de pólipos e, consequentemente, de câncer”, reforça o médico.

Conscientização salva vidas

A mobilização de figuras públicas como Preta Gil, que nos deixou neste domingo (20), tem sido essencial para romper o silêncio em torno de temas de saúde que ainda enfrentam tabus. O câncer de intestino é, em sua maioria, evitável e curável — desde que diagnosticado precocemente. Incorporar a colonoscopia na rotina de cuidados médicos após os 45 anos é um passo decisivo para transformar essa realidade.

Informação, prevenção e atitude são os pilares para uma vida longa e saudável. E, como mostra o exemplo de Preta, falar sobre isso é um ato de cuidado coletivo.