Saúde

Cirurgia por videolaparoscopia é opção menos invasiva contra o câncer de próstata

Cirurgia por videolaparoscopia é opção menos invasiva contra o câncer de próstata
Ana Virgínia Vilalva

Ana Virgínia Vilalva

26/11/2025 10:00pm

Fotos: Hospital de Brotas / Acervo

A cirurgia por videolaparoscopia para tratamento do câncer de próstata é um dos procedimentos de destaque no Centro Cirúrgico do Hospital de Brotas, unidade que atende exclusivamente beneficiários do Planserv, o plano de saúde dos servidores estaduais da Bahia.

O procedimento, chamado prostatectomia radical — remoção completa da glândula prostática — é indicado principalmente quando o câncer é identificado ainda em fases iniciais.

O câncer de próstata representa 29% de todos os casos de câncer em pessoas designadas homens ao nascer no Brasil, com cerca de 66 mil novos diagnósticos e quase 16 mil mortes por ano, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA). A maior incidência ocorre em indivíduos com mais de 65 anos. No Hospital de Brotas, a maioria dos pacientes operados tem entre 60 e 80 anos.

Menos dor, mais precisão

“Na videolaparoscopia, ao invés de uma incisão grande no abdômen, fazemos pequenas incisões: um ponto para a câmera e quatro para os instrumentos cirúrgicos”, explica o urologista Dr. Joabe Carneiro, coordenador do Serviço de Urologia do Hospital de Brotas e especialista em laparoscopia, cirurgia robótica e infertilidade masculina.

“O cirurgião trata e remove a próstata com segurança oncológica e reconstrói o caminho entre a bexiga e a uretra por dentro da cavidade abdominal, sem grandes cortes. É um método minimamente invasivo para tratar o câncer de próstata.”

A técnica também pode ser empregada em cirurgias para doenças benignas da próstata e na retirada de tumores renais, reforçando sua versatilidade.

Recuperação mais rápida

Entre os diferenciais do procedimento estão:

Menos dor: não há corte de musculatura
Menos sangramento: o gás que distende o abdome contribui para melhor visualização e menor perda sanguínea
Visão ampliada: a câmera pode ampliar a imagem em até 50 vezes, aumentando a segurança durante a cirurgia

A alta costuma acontecer em até 24 horas, com o paciente retornando para casa com uma sonda urinária temporária por sete a dez dias — menor tempo em comparação com a cirurgia aberta.

O repouso deve ser ativo.
“É importante caminhar e se movimentar para evitar trombose e embolia, além de manter boa higiene com o uso da sonda”, orienta o urologista.

Continência e função sexual preservadas

A menor manipulação dos tecidos reduz chances de infecções e facilita a cicatrização, permitindo retorno mais rápido às rotinas.

“Os resultados funcionais também são melhores que na cirurgia aberta, tanto na preservação da continência urinária quanto na potência sexual — uma preocupação importante entre pacientes mais jovens”, destaca Dr. Joabe.
“Às vezes o paciente nem chega a usar fralda após a retirada da sonda.”

Quando diagnosticado precocemente, o câncer de próstata apresenta mais de 90% de chance de cura.

A videolaparoscopia está disponível pelo SUS em centros de referência de Salvador, como o Hospital do Homem, o Hospital Roberto Santos e o Hospital das Clínicas da UFBA. No Hospital de Brotas, todas as cirurgias para tratamento do câncer de próstata utilizam essa técnica, reforçando o compromisso com tecnologia e segurança para os servidores estaduais.

Qualificação contínua da equipe

O compromisso com a excelência também envolve capacitação.
Após um mês de treinamentos voltados para o acolhimento de pacientes com câncer de mama (Outubro Rosa), novembro foi dedicado à atualização em cirurgias urológicas laparoscópicas — não apenas pela campanha do Novembro Azul, mas porque essa é a rotina do hospital.

Para o enfermeiro Victor Coelho, responsável pelas capacitações, o investimento fortalece o cuidado:
“Quando o profissional domina o que faz, ele atua com mais segurança, acolhe melhor e cria vínculos com os pacientes. Mesmo sendo uma área técnica, é um processo profundamente humano.”

Lembrete importante: o cuidado é o ano todo

O acompanhamento urológico deve começar aos 50 anos — para quem não tem fatores de risco e aos 45 anos — para quem tem histórico familiar da doença.