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Papa Leão XIV em Pentecostes: o Espírito Santo como força que derruba muros e amplia os horizontes do amor

Papa Leão XIV em Pentecostes: o Espírito Santo como força que derruba muros e amplia os horizontes do amor
Ana Virgínia Vilalva

Ana Virgínia Vilalva

08/06/2025 10:25pm

Fotos: Reprodução Instagram @vaticannewspt

Na manhã deste domingo (8), a Praça São Pedro voltou a ficar lotada por ocasião do Jubileu dos Movimentos, Associações e Novas Comunidades, celebrado no contexto do Ano Santo da Esperança. Em meio a milhares de fiéis, o Papa Leão XIV presidiu pela primeira vez, como Sucessor de Pedro, a missa da Solenidade de Pentecostes, um mês após o início de seu pontificado. Em uma homilia marcada por intensidade espiritual e apelos à fraternidade, o Pontífice refletiu sobre o Espírito Santo como aquele que “abre fronteiras”, tanto dentro de nós, quanto nas nossas relações e entre os povos.

Leão XIV iniciou sua reflexão com as palavras de Santo Agostinho, recordando que Pentecostes é o dia em que Jesus, após sua Ressurreição e Ascensão, envia o Espírito Santo aos Apóstolos. Um dom que, segundo o Papa, transformou radicalmente a vida daqueles homens, capacitando-os a compreender o mistério da cruz e a sair ao encontro dos outros com coragem e alegria. O Espírito, explicou ele, “abre as fronteiras principalmente dentro de nós”, libertando-nos do egoísmo, da dureza de coração, do medo e do narcisismo. Ao agir em nosso interior, o Espírito nos desafia a superar o individualismo que atrofia a vida e a construir relações mais autênticas e abertas. “É triste observar como, num mundo com tantas oportunidades de socialização, somos cada vez mais solitários, conectados, mas incapazes de criar vínculos verdadeiros”, lamentou o Papa.

Para Leão XIV, o Pentecostes não é apenas uma recordação histórica, mas um acontecimento que se renova e transforma a Igreja e o mundo. Ele destacou que o Espírito Santo também atua em nossas relações, ajudando a superar mal-entendidos, preconceitos e atitudes de dominação. Com pesar, o Papa mencionou os recentes casos de feminicídio, como exemplo da degradação das relações humanas marcadas pela violência. Ao contrário disso, afirmou, o Espírito “faz amadurecer em nós os frutos que nos ajudam a viver relações verdadeiras e boas”. Essa abertura ao outro, inclusive na Igreja, é decisiva: somente seremos discípulos autênticos de Pentecostes, disse ele, se soubermos dialogar, acolher e integrar as diversidades, tornando a comunidade eclesial um espaço verdadeiramente hospitaleiro.

Por fim, o Pontífice falou sobre as fronteiras entre os povos. Relembrando palavras do Papa Francisco, ele defendeu que o Espírito rompe muros de ódio, preconceito e indiferença, promovendo a paz onde há conflito. Em tempos de guerras e divisões, Leão XIV convidou todos a invocarem o “Espírito do amor e da paz”, capazes de derrubar barreiras e ampliar os horizontes do amor. “É Pentecostes que renova a Igreja, renova o mundo!”, exclamou.

Antes da celebração, Leão XIV percorreu a Praça São Pedro e parte da Via della Conciliazione em um giro de papamóvel, saudando os milhares de peregrinos presentes. A cerimônia e a homilia reforçam a marca pastoral de seu pontificado nascente: um chamado constante à escuta, à comunhão, à esperança e à superação de toda forma de fechamento, tanto pessoal quanto coletivo.