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Nobel de Física 2025 reconhece descoberta de efeitos quânticos em circuitos elétricos

Nobel de Física 2025 reconhece descoberta de efeitos quânticos em circuitos elétricos
Ana Virgínia Vilalva

Ana Virgínia Vilalva

07/10/2025 7:00pm

Fotos: Nobel Prize e UC Berkeley/Yale/ACM Divulgação

O britânico John Clarke, o francês Michel H. Devoret e o americano John M. Martinis são os ganhadores do Prêmio Nobel de Física de 2025, anunciou nesta terça-feira (7) a Academia Real das Ciências da Suécia. Os três pesquisadores, ligados a universidades dos Estados Unidos, dividirão igualmente o prêmio de 11 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 6,2 milhões) pela descoberta de efeitos quânticos em circuitos elétricos, capazes de demonstrar que as leis da física quântica também se aplicam a sistemas grandes o suficiente para caber na palma da mão.

Os experimentos conduzidos por Clarke, Devoret e Martinis mostraram que fenômenos quânticos — antes observados apenas em partículas microscópicas — podem ser recriados em circuitos elétricos de tamanho macroscópico. Eles construíram um circuito feito de supercondutores, materiais que conduzem corrente sem resistência elétrica, separados por uma fina camada isolante, formando uma junção Josephson. Quando a corrente atravessava o sistema, os cientistas observaram algo inédito: o circuito conseguia “atravessar” uma barreira de energia — comportamento conhecido como túnel quântico.

Isso significa que o circuito, mesmo sendo composto por bilhões de partículas, agia como uma única partícula gigante, obedecendo às mesmas regras da mecânica quântica. Os pesquisadores também demonstraram que o sistema só absorve e emite energia em quantidades específicas — fenômeno conhecido como quantização de energia, o mesmo princípio que rege os elétrons nos átomos.

“É maravilhoso celebrar como a mecânica quântica, criada há mais de um século, ainda oferece novas surpresas — e continua sendo a base de toda a tecnologia digital”, afirmou Olle Eriksson, presidente do Comitê Nobel de Física.

A descoberta abriu caminho para tecnologias que hoje formam a base da computação quântica, dos sensores de alta precisão e da criptografia avançada. O professor John Martinis, por exemplo, utilizou mais tarde os mesmos princípios de quantização que descobriu com Clarke e Devoret para construir os primeiros protótipos de bits quânticos (qubits) — os blocos fundamentais dos computadores quânticos, capazes de resolver em segundos problemas que levariam anos em máquinas convencionais.

Os cientistas premiados

  • John Clarke, 83 anos, nasceu em Cambridge (Reino Unido) e é professor da Universidade da Califórnia, em Berkeley.
  • Michel H. Devoret, 72, nasceu em Paris e leciona na Universidade de Yale e na Universidade da Califórnia, Santa Bárbara.
  • John M. Martinis, 67, também atua na Universidade da Califórnia, Santa Bárbara, e é um dos principais nomes da física aplicada aos circuitos quânticos.

Nobel 2025

No ano passado, o Nobel de Física reconheceu John Hopfield e Geoffrey Hinton, pioneiros da inteligência artificial, por descobertas que tornaram possível o aprendizado de máquina em redes neurais artificiais — tecnologia hoje presente em diagnósticos médicos, assistentes virtuais e análise de dados.

A temporada 2025 de prêmios Nobel segue com os próximos anúncios: Química (8/10), Literatura (9/10), Paz (10/10) e Economia (13/10).