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María Corina Machado vence o Nobel da Paz de 2025 por sua luta pela democracia na Venezuela

María Corina Machado vence o Nobel da Paz de 2025 por sua luta pela democracia na Venezuela
Ana Virgínia Vilalva

Ana Virgínia Vilalva

10/10/2025 5:18pm

Foto: Wikimedia Commons / Diariocritico de Venezuela

A ativista e líder da oposição venezuelana María Corina Machado foi a vencedora do Prêmio Nobel da Paz de 2025, concedido pelo Comitê Norueguês do Nobel nesta sexta-feira, 10 de outubro. A honraria reconhece seu papel central na luta por direitos democráticos e por uma transição pacífica na Venezuela, país que há anos enfrenta uma profunda crise política, econômica e social sob o regime de Nicolás Maduro.

Machado, uma das figuras mais visadas pela repressão do governo venezuelano, foi impedida de concorrer às eleições presidenciais de 2024, apesar de ter vencido as primárias da oposição. Em vez de abandonar o processo democrático, ela optou por apoiar outro candidato, Edmundo González Urrutia, e seguiu mobilizando o país com o objetivo de restaurar a democracia. Mesmo ameaçada, manteve-se ativa dentro da Venezuela, muitas vezes escondida para evitar prisões ou represálias. Segundo o Comitê Nobel, sua decisão de permanecer no território nacional, correndo riscos pessoais, simboliza a coragem civil diante da repressão e inspira milhões de venezuelanos e defensores da democracia ao redor do mundo.

Em nota oficial, o comitê declarou que o prêmio reconhece "seu trabalho incansável na promoção dos direitos democráticos para o povo da Venezuela e por sua luta por uma transição justa e pacífica de uma ditadura para a democracia". O anúncio foi acompanhado por fortes reações internacionais. Organizações de direitos humanos celebraram a escolha como um gesto simbólico poderoso, que amplia a visibilidade da crise venezuelana e reforça a legitimidade dos movimentos civis dentro do país.

Machado afirmou que recebe o prêmio como uma homenagem ao povo venezuelano: “Este Nobel não é sobre mim. É sobre todos aqueles que, em silêncio, têm resistido. Que não fugiram, que não se renderam, que seguem lutando por justiça, liberdade e dignidade”.

A escolha da venezuelana também representa um chamado à comunidade internacional. Segundo o Comitê Nobel, democracias em todo o mundo devem prestar atenção às ameaças internas que corroem suas instituições, e líderes autoritários devem ser confrontados com responsabilidade e solidariedade global. “A democracia nunca deve ser dada como garantida”, disse Berit Reiss-Andersen, presidente do comitê, durante o anúncio em Oslo.

A Venezuela, marcada por denúncias sistemáticas de violações de direitos humanos, censura à imprensa, perseguição política e colapso institucional, vê no reconhecimento a possibilidade de renovação da esperança. Com o Nobel, espera-se que o país ganhe ainda mais atenção internacional e que se intensifiquem os esforços por eleições livres, justiça e reconstrução democrática.

María Corina Machado se junta agora a figuras históricas como Nelson Mandela, Malala Yousafzai e Aung San Suu Kyi entre os laureados com o Nobel da Paz — personalidades que enfrentaram regimes opressores com coragem, visão e firmeza.