Foto: Freepik
Em um dos capítulos mais marcantes desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, o grupo palestino libertou, nesta segunda-feira (13), 20 reféns israelenses que estavam em cativeiro na Faixa de Gaza há mais de 700 dias. A ação encerra um longo período de tensão e representa um avanço significativo nas negociações mediadas por potências internacionais, que também preveem a libertação de cerca de 2 mil prisioneiros palestinos detidos por Israel.
Os reféns libertados estavam entre os 251 israelenses sequestrados durante o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, que marcou o início do conflito mais violento da região nas últimas décadas. Desde então, apenas algumas trocas haviam ocorrido, em meio a intensos bombardeios, perdas humanas e uma crise humanitária de grandes proporções em Gaza. Segundo autoridades israelenses, dos reféns ainda mantidos em poder do Hamas, 28 são considerados mortos, embora parte deles ainda não tenha tido a morte confirmada oficialmente.
A libertação foi conduzida com apoio da Cruz Vermelha Internacional, que recebeu os reféns antes de entregá-los às Forças de Defesa de Israel (FDI). Após exames médicos, as vítimas foram levadas a hospitais israelenses para avaliação e reencontro com familiares. Sete reféns foram libertados nas primeiras horas da madrugada e os demais, cerca de duas horas depois, em um processo cuidadosamente coordenado por representantes das Nações Unidas e de governos mediadores.
O acordo de cessar-fogo que possibilitou a libertação é considerado o mais abrangente desde o início da guerra, resultado de meses de negociações entre representantes de Israel, Hamas, Egito, Catar e Estados Unidos. Apesar do avanço, a situação ainda é delicada: o governo israelense cobra a devolução dos corpos dos reféns mortos, enquanto o Hamas exige garantias para a reconstrução de Gaza e a retirada gradual das tropas israelenses.
A notícia trouxe alívio e emoção às famílias das vítimas, que há quase dois anos vivem entre a esperança e o desespero. Em Tel Aviv, centenas de pessoas se reuniram na Praça dos Reféns, onde desde 2023 familiares e voluntários mantêm vigílias diárias pedindo a libertação de todos os sequestrados. “É um milagre depois de tanta dor. Mas ainda não acabou, porque muitos continuam desaparecidos”, disse uma das familiares à imprensa local.
A libertação dos reféns reacende a possibilidade de um caminho diplomático para a redução da violência e abre espaço para um novo ciclo de negociações de paz. No entanto, analistas alertam que a reconstrução da confiança entre as partes e o fim dos combates ainda estão distantes. Mesmo assim, o episódio desta segunda-feira é visto como um feito histórico, marcado pela sobrevivência, pela persistência das famílias e pela atuação conjunta da comunidade internacional em um cenário de guerra que já deixou milhares de mortos e feridos.