Câmara dos Deputados aprova texto-base que regula a Reforma Tributária
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Soteropolitano de 38 anos faz parte da nova geração de sucesso do jornalismo
Para lá dos tempos de antigamente, surgiu um destes muitos resquícios aristocráticos que nos acompanham, ainda que seja em expressões frequentes até hoje. É o caso de um hábito protocolar da monarquia que famílias mais abastadas reproduziam em suas casas quando recebiam visitas ilustres. Louças e talheres especiais eram postos à mesa, como forma de respeito a essas figuras importantes que lhes visitavam – únicas ocasiões nas quais se tirava da gaveta as peças mais caras e valiosas.
Assim, criou-se o jargão “prata da casa”, que passou a definir especialmente aqueles profissionais que construíram uma carreira de sucesso numa empresa ou instituição e, portanto, se tornaram o melhor que pode-se oferecer.
São as histórias desses baianos que usaram suas réguas e compassos para fazer sucesso mundo afora que, sempre que possível, passarei a contar nesta Coluna.
Ao que interessa
Estreando o quadro, trago o jornalista Emerson Nunes, que é um desses caras que, só de conhecer, a gente percebe que vai dar certo. Ainda que apaixonado pelo que faz, não se deixa enganar pelo famigerado efeito inebriante do jornalismo que afeta a muitos – a ponto de transportá-los para uma realidade paralela. Este jovem de 38 anos está aqui porque é, da cabeça aos pés, um dos representantes da nova geração que dá certo nesta profissão, ofício que tanto se desafiou e reinventou nas últimas décadas.
Nascido em Salvador aos 21 de abril de 1986, o taurino é filho do representante comercial homônimo Emerson Nunes e da bancária Jucilene Abreu. Se diz pacato, mas eu discordo. Afinal, faz parte do extrato da pulsante cultura multiplataforma – uma difícil congruência entre Legião Urbana e a lógica dos vídeos virais no TikTok.
Formado pela Faculdade da Cidade do Salvador e mestre em Comunicação e Cultura Contemporânea pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), seu primeiro trabalho foi como estagiário na Rede Bahia, onde Emerson conta que os veteranos Camila Marinho e Matheus Carvalho foram figuras especiais em seu começo no mercado.
“Camila é responsável por uma parte importante da minha trajetória. Sempre foi muito generosa”, afirma o adepto de camisas bem-humoradas e de um estilo rock’n roll.
A partir daí, já formado, passou pelas rádios Metrópole, Transamérica, Educadora e Rádio Sociedade da Bahia, onde idealizou e foi responsável pelo lançamento do portal Sociedade Online. Cobriu política pelos sites BNews e Política Livre, trabalhou em campanhas eleitorais e até se aventurou como empresário em uma produtora especializada em media training.
Mas foi mesmo na televisão que Emerson se encontrou. Destaque especial para a Record Bahia, primeira emissora em que se sobressaiu e cresceu na hierarquia da redação. Lá, ele passou 13 anos entre quase todas as funções que envolvem a produção da notícia, chegando a editor-chefe da edição local do ‘Cidade Alerta’, então apresentada por Adelson Carvalho.
Irrecusável
Foi naquela mesma filiada da Rede Record que conheceu Fabiano Falsi, chefe que lhe fez um convite irrecusável: participar da fundação da CNN Brasil aqui, em São Paulo, onde Emerson teve o que, arrisco dizer, foi o primeiro grande desafio da carreira – dirigir telejornais no nível exigido por aquela grife da televisão internacional.
O ano era 2020 e, ao mesmo tempo em que o mercado acompanhava de perto os anúncios do novo canal que estava para estrear em março daquele ano, recebíamos a notícia de que um vírus, até então desconhecido, se alastrava pelo mundo. Já morando nesta nublada capital paulista, Emerson narra a pandemia da COVID-19 como o período mais difícil que já enfrentou profissionalmente até aqui.
“Em pouco dias, parecia que a gente estava vivendo o Apocalipse. A minha função não me deixou parar, não fiquei em casa de home-office porque tinha que colocar o jornal no ar e tinha que estar presencialmente na emissora. Muitas vezes, dirigi dois ou três jornais no mesmo dia para cobrir colegas que tinham se contaminado”, relembra.
Por outro lado, Nunes diz que o anúncio da tão esperada vacina para a doença, que dizimou mais de 600 mil brasileiros, foi o momento mais feliz que viveu enquanto jornalista. Ele descreve a sensação como a oportunidade de “dar esperança em meio ao caos”. E foi o que este fã declarado de Renato Russo e Paul McCartney teve muitas chances de fazer ao longo dos cerca de 3 anos anos em que permaneceu na CNN Brasil, de onde se desligou em dezembro de 2022.
A brisa do mar
Ainda em São Paulo, este músico nas horas vagas chegou a coordenar a redação da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) e a atuar em outra das redações mais disputadas do país: da TV Globo, onde foi editor dos telejornais ancorados da capital paulista. Também passou pelo BandNews TV, como editor-executivo. Mas a saudade da Bahia começava a despontar. “Quem cresce na beira do mar não consegue ficar muito tempo longe da brisa”, brinca.
Eis que Emerson Nunes retorna a uma casa que citamos no início deste texto. De estagiário, o jornalista voltou à Rede Bahia como editor-chefe do Jornal da Manhã, oportunidade que surgiu depois de algumas movimentações nos bastidores.
“O que me fez voltar à Bahia foi a chance de trabalhar com uma equipe bacana em um momento importante para a TV aberta no estado. Trocar e repartir as experiências que tive em São Paulo com meus conterrâneos, além de finalizar e defender a minha dissertação de mestrado e ficar mais próximo da minha família e amigos”, conta o rapaz que se vê, mais adiante, como professor universitário.
E o mais bonito desta história está aqui, neste ciclo completo que se formou e trouxe novamente à Bahia um talento que ela cultivou e lançou ao mundo. Bonito também é que o ponto não é final, mas sim de continuação do que aqui por ora se narrou.
Afinal, Emerson, somos tão jovens!
Temos todo o tempo do mundo.
Bate-rebate:
Pessoas importantes na carreira: Roberto Quirino, Guilherme Zwetsch, Glauber Matheus, Leo Rodrigues, Jô Moreira, Raimundo Varela, José Eduardo, Ana Raquel Copetti, Leonardo Vilanova, Silvia Resende, Fabiano Falsi, Robson Santos, André Ramos, André Uzêda, Christiano Caldeira e Carla Araujo.
Uma música: Tempo Perdido (Legião Urbana)
Um filme: ‘Todos os Homens do Presidente’
Uma pessoa: John Lennon
Uma viagem: Nova York
Um programa de TV: Jornal Nacional, da TV Globo
Um pesadelo: perder a fé
Um sonho: um mundo sem guerras, com respeito e igualdade para todos
Um medo: desistir
Um fato histórico: a pandemia de COVID-19
Um ídolo: Paul McCartney
Emerson Nunes por Emerson Nunes: “um taurino pacato, caseiro e família. Gosta de filmes de guerra, jornalismo e séries sobre o Oriente Médio. Compositor nas horas vagas, toca contrabaixo em uma banda de rock. É apaixonado pelo rock nacional dos anos 1980/90 e gosta de ler biografias de artistas. Um jornalista que sempre preferiu estar nos bastidores da notícia e que espera ver o jornalismo da Bahia ganhar mais destaque no eixo sul-sudeste. Quer ser professor universitário para continuar aprendendo com as novas gerações”.
(Fotos: arquivo pessoal)
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