Conexão São Paulo

Marca: o indelével dos nomes

Marca: o indelével dos nomes
Matheus Pastori - Coluna Conexão São Paulo

Matheus Pastori - Coluna Conexão São Paulo

18/09/2025 10:00pm

Foto: Armani / Divulgação

Sempre fui intrigado por marcas. Porque, seja ela qual for, marca é sobretudo conceito - é o nome, a forma dada a uma ideia. E ideias não morrem. É por isso que, mesmo quando algo é “extinto”, não desaparece completamente. Pode não estar mais na TV, no outdoor, na prateleira, na vitrine, mas está na lembrança. E isso é poderoso, perene. Na verdade, há um adjetivo melhor: é indelével.

Essa palavra, pouco usada, carrega um significado especial; tão denso que foi preciso criar uma expressão para contê-lo. Marcas, especialmente quando bem-sucedidas, cabem nele. São indeléveis: tão profundas e duradouras nos sentimentos ou na história que tornam-se impossíveis de apagar por gerações a fio.

Na concepção da casa PASTORI, me vi diante dessa reflexão; diante da dimensão de um símbolo. Por mais contraditório que seja, escolher o sobrenome como título deu camadas extremamente mais profundas ao processo. Mas não se trata de técnica. Trata-se de recorrer a uma humildade ancestral. Trata-se de vestir a pesada responsabilidade de um nome que, afinal, não é nem será apenas meu.

No século passado, ou mesmo antes dele, sobrenomes habitualmente se tornaram marcas que designavam, justamente, uma família especializada em determinado ramo - ofícios passados de pai para filho, de avô para neto. É isso o que se vê em Ford, Chanel, Disney, Nestlé, e por aí vai.

A beleza dessas marcas não está no império particular que cada uma representa. Está no fato de que vemos, nelas, pessoas que se eternizaram em conceitos dos quais viraram metonímia: revolução, luxo, contos de fada, alimento para família.

Giorgio Armani, que nos deixou no início de setembro, é um exemplo vívido dessa interseção entre pessoa e marca. Giorgio morreu; Armani, não. Porque Armani não era apenas o nome na etiqueta: era o próprio arquiteto de uma visão única de elegância. Sua sensibilidade, sua personalidade, sua maneira de ver o mundo tornaram-se indissociáveis daquilo que seus ternos, suas gravatas, seus perfumes vão representar por um bom tempo.

Feliz, portanto, de quem carrega algo maior do que si mesmo. E que, virando marca ou não, vive para honrar essa consciência.

Porque nome não é apenas nome. É assinatura.