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Fotógrafo brasileiro é premiado em concurso internacional da ONU com ensaio sobre Candomblé

Fotógrafo brasileiro é premiado em concurso internacional da ONU com ensaio sobre Candomblé
Ana Virgínia Vilalva

Ana Virgínia Vilalva

25/11/2024 2:10pm

Fotos: André Fernandes / Ecolint / Mai Katz

O fotógrafo André Fernandes será o único brasileiro premiado no Concurso Internacional de Arte para Artistas Minoritários, promovido pelo Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH). A cerimônia de premiação ocorrerá nesta terça-feira, 26 de novembro, às 15h (horário de Brasília), no Centro de Artes da Escola Internacional de Genebra (Ecolint), Suíça.

Com o ensaio "Orixás", que celebra as divindades do Candomblé, Fernandes conquistou uma menção honrosa, destacando-se entre artistas de diferentes partes do mundo. A obra, produzida em 2014 no Terreiro Ilê Axé Alaketu, retrata as vestes, adornos e elementos rituais que conectam os praticantes do Candomblé à ancestralidade espiritual dos orixás.

“É uma honra representar a Bahia e o Brasil em um espaço tão importante para os direitos humanos. Este reconhecimento é uma oportunidade de dar visibilidade internacional à beleza do Candomblé e lançar luz sobre narrativas que preservam nossas memórias ancestrais”, destacou Fernandes.

Além da premiação, Fernandes participará de uma série de atividades culturais e institucionais em Genebra entre 25 de novembro e 1º de dezembro. O evento inclui a abertura de uma exposição coletiva com os artistas premiados, o lançamento de um catálogo da premiação e debates sobre arte, cultura e direitos humanos.

Outro destaque da programação será a participação de Fernandes na 17ª Sessão do Fórum das Nações Unidas para Minorias, realizada no Palácio das Nações. Para o fotógrafo, a experiência será transformadora. “Estar em contato com histórias tão potentes e participar de discussões sobre esses temas em um nível global é algo que certamente ampliará meu olhar e minha responsabilidade em compartilhar esses aprendizados”, afirmou.

O projeto "Orixás" levou mais de dois anos para ser concluído e foi financiado por diversas instituições, incluindo o Governo da Bahia e a Prefeitura de Salvador, por meio de editais culturais e fundos como a Lei Aldir Blanc. Fernandes ressalta a importância de sua obra para combater estigmas relacionados às religiões afro-brasileiras.

“Este trabalho preserva a memória afrodescendente e convida à reflexão sobre o Candomblé, contribuindo para desconstruir preconceitos. Todas as pessoas têm o direito de manifestar sua fé, um princípio defendido pela ONU. Quanto mais falarmos sobre essas culturas, mais conseguiremos combater o estigma”, explicou o fotógrafo.

"Orixás" foi contemplado por editais como o Salvador Circula e recebeu apoio financeiro do Fundo de Cultura da Bahia, Secretaria de Cultura do Estado, Fundação Gregório de Mattos, e do Ministério da Cultura por meio da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura.

O prêmio recebido por André Fernandes reafirma o papel da arte como ferramenta de transformação social e a importância da valorização das tradições afrodescendentes em um contexto global.