O Natal chega à sua mesa
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“É sempre bom lembrar
que um copo vazio
está cheio de ar.
Que o ar no copo ocupa o lugar do vinho,
que o vinho busca ocupar o lugar da dor.
Que a dor ocupa metade da verdade,
a verdadeira natureza interior.
Uma metade cheia, uma metade vazia.
Uma metade tristeza, uma metade alegria.
A magia da verdade inteira, todo poderoso amor.
A magia da verdade inteira, todo poderoso amor”.
A canção “Copo Vazio”, de Gilberto Gil e Chico Buarque, se tornou, para mim, a trilha sonora, o mantra, o conforto e o aprendizado desses intensos momentos vividos desde a chegada da COVID-19. O novo normal é um copo vazio cheio de ar. É possível ver algo de esperançoso em uma pandemia que até o dia 28 de julho já havia matado mais de 660 mil pessoas pelo mundo, arrasou a economia mundial e devastou empregos nos cinco continentes? A metáfora do copo vazio diz que sim. Porque sempre tem uma metade tristeza e uma metade alegria. Meu aprendizado nesses mais de 120 dias foi concreto, real e, de cara, peço perdão por abrir o coração para falar da minha quarentena.
Deixei a Bahia em 17 de março, dias depois que a COVID-19 desembarcou em São Paulo. Fui triste porque sabia que a coisa ficaria feia. Fui feliz porque precisava cuidar da minha mãe, muito doente. Alegria e tristeza foram sentimentos que oscilaram como um pêndulo em meu peito durante 72 dias que vivemos grudadas, como quando eu era bebê. Diversas vezes, ouvi, paciente, amigos reclamando do isolamento. Pedia desculpas e dizia que estava bem porque acompanhava minha mãe sem a culpa de estar filando o trabalho e faltando aos compromissos. Ela partiu dia 27 de maio e já treinada pelos dias de quarentena, dividi minha dor com minha alegria, porque sabia que, depois de tanto sofrer, ela partia em paz.
A pandemia de copo vazio cheio de ar também evidenciou algumas verdades inequívocas, que demoramos tanto para aprender. O futuro é agora. Aqui e agora, sempre. Estamos aprendendo na marra a viver um dia de cada vez. Meus planos são para hoje e amanhã. O dinheiro curto também traz o foco para o boleto da semana. O planejamento pessoal e o estratégico se tornam excelentes peças de ficção. Sendo assim, faz sentido sofrer com aquilo que está fora do nosso controle? Não, não faz. Aprender com isso é que são elas.
Ansiedade, agonia, desespero, saudade. Levanta a mão quem não teve um ataque de choro, fúria, loucura nesses dias de tantas perdas? Perdemos o controle, a saúde, a liberdade, o dinheiro; e ganhamos saudade, falta e medo. De novo, o copo. De novo, o desafio de aprender a viver de outro jeito. O tal do estranho normal, que nos impõe a absoluta humildade diante do imprevisível, do incontrolável e da convivência cotidiana com a morte.
“A pandemia é um freio de arrumação”. Não conhecia essa expressão muito usada no atacado e varejo quando os preços inflacionam demais e um choque bota ordem na zona. Ela vale também nos transportes coletivos, mas de modo literal. É quando o motorista dá aquela pisada brusca no freio para arrumar no tranco o coletivo lotado de passageiros. A COVID-19 foi um freio de arrumação em nosso pobre planeta globalizado. Com poucas felizes e honrosas exceções, todo mundo se deu mal. A pergunta que não cala: o freio fez efeito? Vamos nos tornar seres humanos melhores depois da pandemia? Seremos mais responsáveis? Seremos mais generosos? Mais solidários? Menos vingativos? Menos cruéis? Tomara que sim. Esta é minha esperança. É minha fé, meu desejo e o alimento do meu otimismo, combalido nos últimos tempos por uma dieta de ínfimas boas notícias.
Faz um mês que meu negócio, uma pousada pé na areia, voltou a funcionar. O que tenho observado é que a maioria das pessoas está mais respeitosa, mais contida e menos invasiva. Talvez seja fruto do recolhimento e do medo. Talvez seja efeito da empatia e da solidariedade, recém-cultivadas. Por isso, desejo fortemente para mim e para todo mundo que quando tudo isso passar (um dia vai), a humanidade fique melhor não apenas porque se tornou resistente ao vírus, mas porque aprendeu que os ódios, os preconceitos, a violência, o consumo exagerado, a soberba e a ganância não fazem o menor sentido quando a vida está por um fio.
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