Vocação por justiça na defesa das liberdades

Sempre que estou na tribuna do júri, diante das atenções voltadas para palavras e argumentos, faço uma reflexão sobre minhas escolhas e os caminhos seguidos para chegar até onde cheguei. Costumo ter como guia uma frase de Evandro Lins e Silva: “Eu tenho vício da defesa da liberdade. Não escolho causas para defender alguém”. 

São mais de 25 anos dedicados à advocacia criminal, em uma trajetória que, como qualquer outra, possui altos e baixos, ganhos e perdas. Hoje, venho colhendo os frutos de todos os esforços dedicados à minha profissão. Posso dizer que, a cada dia que passa, tenho mais certeza da minha vocação. Tenho mais certeza de todas as escolhas que fiz ao longo desse caminho.

Venho de uma família de cinco filhos. Meu pai, juiz, minha saudosa mãe, professora universitária. A escolha pela carreira na advocacia foi uma decisão minha. Iniciei essa trajetória contando com total apoio da família, mas buscando as minhas próprias referências no Direito. Desde cedo, sabia que tinha um enorme desafio pela frente. Mas são os desafios que me movem.

Faço sempre questão de recordar que, há quase 30 anos, quando ainda era apenas um jovem estudante, tive a oportunidade de ver de perto a atuação do professor Edson O‘Dwyer em um tribunal do júri. Naquele momento, soube que o meu lugar era na tribuna do júri, era na advocacia criminal, defendendo liberdades e lutando por justiça. 

Persegui esse objetivo ao longo dos anos. Precisei equilibrar a dedicação aos estudos de processos, de leis e construção de estratégias com a administração do meu próprio escritório. Foram muitas dificuldades enfrentadas no início da carreira até encontrar esse equilíbrio. Foi essa experiência, no entanto, que permitiu que pudesse amadurecer enquanto advogado.

Nessa caminhada, abri outras frentes de atuação. Dediquei-me à vida acadêmica. Fiz mestrado, doutorado, pós-doutorado e sou professor universitário de Direito Penal. Passei a também a me dedicar à representação de classe. Tenho muito orgulho de ter presidido a Caixa de Assistência dos Advogados da Bahia por dois mandatos consecutivos (2016-2018 e 2019-2021). Hoje, sou Conselheiro Federal da OAB-BA, representando os interesses da advocacia baiana junto à OAB Nacional. 

O que me move, todos os dias, é a paixão pelo que faço, a defesa de causas nobres, e isso tem total aderência à escolha que fiz pela atuação na advocacia criminal. Temos uma atuação determinante para garantir o direito à ampla defesa do cidadão. Precisamos estar sempre atentos para que o devido processo legal seja cumprido, e nenhum direito seja subtraído. 

E é por isso que procuro sempre me referir à tribuna do júri. Quando lá estou, exerço a advocacia em essência, unindo o conhecimento técnico ao fator humano. E é nesse espaço que encontro o centro da minha vocação e o resultado de todos esses anos dedicados à advocacia. No alto da tribuna, representamos as vozes que clamam por seus direitos e só esperamos alcançar um único objetivo: contribuir para que a justiça seja feita.