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A vida não é para amadores

A vida não é para amadores
Coluna Business Bahia

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18/06/2023 3:00pm

Sou o primogênito de uma família de cinco e crescemos com alguns mantras que foram fundamentais para que cada um de nós, à sua maneira, construísse carreiras sólidas, sabendo superar dificuldades e barreiras, tirando importantes aprendizados das crises e dos erros: o sucesso na vida depende de sua capacitação.

Vamos às máximas que marcaram minha formação:

  • Não se contente com a mediocridade, busque sempre ser o melhor no que faz.
  • Seja ético, preze pela transparência e foque na meritocracia.
  • Dê extrema importância à família.
  • A crise une e ressalta a importância dos valores éticos e morais.

Meus pais eram rigorosos com os estudos e fizeram de tudo para que desenvolvêssemos os talentos recebidos. Mas sempre numa atmosfera de amor e aceitação. Meu pai, Zitelmann de Oliva, jornalista, professor e escritor, dizia sempre: "Não se contente com a mediocridade, busque sempre o melhor no que faz". Também repetia sempre que "a vida não é para amadores".

Fui da segunda turma do Colégio Militar, no qual ingressei em 1956 e onde fiz o ginásio. Meus pais acreditavam na importância da disciplina e do rigor na formação do caráter e, nessa linha de pensamento e crença, frequentei também o movimento escoteiro. Em muitos momentos da minha vida, em que precisei fazer as coisas sem depender de ninguém, pensava e verbalizava: "Sou escoteiro, consigo me adaptar a qualquer situação e encontrar uma saída satisfatória para os desafios apresentados".

Em 1960, ingressei no Colégio de Aplicação, vinculado à Universidade Federal da Bahia, e, como os demais colégios de aplicação no país, eram conhecidos por serem espaços de metodologias pedagógicas ativas, estímulo ao pensamento crítico e formação de cidadãos participativos na sociedade. No último ano do ensino médio, ingressei no Colégio Central da Bahia, onde iniciei minha participação nos movimentos estudantis, inspirados no desejo de mudanças sociais e políticas.

Em 1965, ingressei na Escola de Administração da UFBa e graduei-me em 1968. Fui presidente do Diretório Acadêmico, dando continuidade à militância estudantil iniciada no ensino médio. Participei dos movimentos contra a ditadura implantada em 1964 no país. Esse período de ativismo foi de extrema importância para valorizar a importância do diálogo e da aceitação de pontos de vista distintos e até contraditórios aos meus.

Em 1966, iniciei minha vida profissional. Fui estagiário na Federação das Indústrias do Estado da Bahia e, em seguida, técnico do Banco de Desenvolvimento do Estado da Bahia, de 1969 a 1971.

Em 1970, dando continuidade à vida acadêmica, fiz a pós-graduação em Mercado de Capitais na Fundação Getúlio Vargas e, posteriormente fiz o mestrado na Graduate School of Business da Universidade de Nova York.

Em 1972, de volta ao Brasil, solicitei demissão do Banco de Desenvolvimento e fui eleito Diretor do Grupo Banco Econômico, sendo o mais jovem diretor na história do Econômico. Estruturei a área de Mercado de Capitais do Banco e fui ainda Diretor da Bolsa de Valores da Bahia de 1973 a 1976. Fui o primeiro Presidente do BANEB (Banco do Estado da Bahia), após a intervenção, e negociei junto ao Banco Central do Brasil a suspensão do Regime de Administração Especial Temporária - RAET - decretado pela BACEN em 1988. Fui Presidente do Banco de Desenvolvimento do Estado da Bahia de 1989 a 1990.

Em 1990, retornei ao Econômico, onde permaneci até a decretação da intervenção extrajudicial em 13 de agosto de 1995. A intervenção no Econômico teve grande repercussão na época, não só na vida do país, como na minha vida e na da minha família. Foi necessário me reinventar como profissional e buscar novos caminhos. Atuei na área de logística como diretor da Intermarítima Terminais Ltda., de 1996 a dezembro de 2002, período em que fui membro do Conselho de Autoridade Portuária dos Portos de Salvador e Aratu (de 2000 a 2002) e diretor da Associação Comercial da Bahia de 1995 a 1997.

Quando vejo no retrovisor esse período, considero que foi uma experiência desafiadora, de grandes aprendizados para o nosso núcleo familiar. Ganhamos muito mais do que perdemos. Vínculos mais fortes foram criados e aprendemos como os desafios nos ensinam e nos fortalecem. Aprendemos a nos perguntar o que realmente é essencial para vivermos felizes.

Em 2002, retomei a vida acadêmica, o que sempre me estimulou muito, e fiz o Mestrado Profissional na EAUFBa. De aluno, tornei-me professor, experiência extremamente rica e prazerosa, seguindo os passos do meu pai, que também foi professor universitário. De 2003 a 2007, fui Coordenador do Curso de Administração em Gestão de Negócios da Faculdade de Tecnologia Empresarial e lecionei as disciplinas de Regulação do Sistema Financeiro, Mercado de Capitais e Governança Corporativa.

Em 2009, senti que era hora de montar meu próprio negócio e criei a PROINVESTORS AAI Ltda., onde atuo até hoje como sócio master. Sou casado há 54 anos com Adenil, presença sempre marcante, solidária e mãe dos nossos quatro filhos, além de ser avó de 9 netos.