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Uma escolha acidental que se tornou um caso de sucesso

Uma escolha acidental que se tornou um caso de sucesso
Coluna Business Bahia

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20/08/2023 5:00pm

José Luiz Costa Sobreira - Graduado pela UCSAL, pós-graduado em Processo Civil e Direito Imobiliário, Vice-Presidente Jurídico e de Compliance da Associação Comercial da Bahia, Coordenador da Câmara de Conciliação, Mediação e Arbitragem da ACB, Parecerista de matérias atreladas ao direito imobiliário, Membro fundador do Instituto de Arbitragem da Bahia, Membro do Conselho Definitório e também do Consultivo de Assistência Jurídica da Santa Casa de Misericórdia da Bahia, e Membro e atual Diretor Geral do Instituto Baiano de Direito Imobiliário.

Dos genes de uma pernambucana (Marlene Costa Sobreira) e de um cearense (Raimundo Sobreira Filho), nasci no dia 28/01/1966, em uma das cidades com melhor qualidade de vida do Brasil, Petrolina/PE, onde morei apenas por um ano e meio. No mês de julho de 1967, começa a minha vida na Bahia. Meu pai, ao ser nomeado chefe do setor de reforma agrária do antigo IBRA – Instituto Brasileiro de Reforma Agrária, mudou-se com minha mãe e na época eu e minhas 3 (três) irmãs, para Barreiras, extremo oeste da Bahia. Lá permanecemos por 3 anos e depois, fomos morar em Ituberá, a famosa "capital das águas". Certamente, manter uma família inicialmente com 4 filhos não foi nada fácil, apesar dos esforços de meus pais. Porém, mesmo sem luxo, sempre tivemos uma vida de harmonia, digna e repleta de emoções.

Já no ano de 1972, tendo meu pai assumido a coordenação do INCRA, Bahia-Sergipe, chegamos a Salvador. Enquanto meu pai seguia na labuta para sustentar a família, minha mãe, com mão de ferro, mas um coração recheado de amor e carinho, cuidava da casa e da educação dos filhos. Vale dizer que fui da época da palmatória. Não foi em vão. Só tenho a agradecer a D. Marlene por tudo isso.

No ano de 1973, a família mudou-se para um apartamento na Av. Centenário. Até os meus 14 anos, com a minha raiz interiorana, vale destacar que boa parte de minhas férias escolares era dividida entre a fazenda Novo Horizonte, situada no município de Riachão das Neves/BA, e um sítio que tínhamos em Fortaleza/CE. Foram momentos marcantes em minha vida.

Em 10/01/74, a família se completava com o nascimento de meu irmão caçula. No ano de 1985, quando meu pai já havia sido eleito Deputado Estadual, nos mudamos para o bairro do Caminho das Árvores.

Experimentei o meu primeiro trabalho remunerado já aos 16 anos e meio. Casas Cidreira foram o destino, quando, a convite de meu amigo irmão Marcos Cidreira, fui ser digitador na loja localizada na Baixa dos Sapateiros, e saboreei ganhar uns trocados para as diversões de um adolescente, mas sem desviar-me da responsabilidade e compromisso com o trabalho.

Concluí o ensino médio no Colégio Alfred Nobel no ano de 1984. Ainda sem definição de qual profissão gostaria de seguir, fui levado por meu Pai a fazer vestibular para o curso de Veterinária no ano de 1985, principalmente pela minha familiaridade com a vida no campo, mas, por ironia do destino, não passei, pois decerto o meu caminho já estava traçado, sem ao menos eu imaginar o que me esperava.

Como não tinha referência de parentes na área jurídica, fui na "onda" de dois dos meus melhores amigos na época e fiz vestibular para o curso de Direito. Passei na UCSAL.

Porém, pouco mais de um ano cursando Direito, veio a virada. No dia 26/10/85, comecei a namorar com aquela que passou a ser a mulher da minha vida, ou seja, Ingrid Borges Weckerle. Apesar dos meus primeiros dois semestres de faculdade não terem sido de profunda dedicação, mas sim ainda de muitas incertezas, nos semestres seguintes, inspirado e incentivado por Ingrid, minhas notas alcançaram níveis bem mais elevados e o gosto pelo Direito, diferente da imaginada aventura que eu poderia estar experimentando, passou a ser real.

Concluí o curso no final do ano de 1989, colei grau em janeiro de 1990, mas ainda não segui direto para a militância advocatícia. Ao longo do curso de Direito, trabalhei no arquivo do IAPSEB. Depois, fui chefe de convênios do DETELBA e, por fim, fui Diretor Administrativo Financeiro da SUCAB, onde permaneci até o ano de 1991. Sem dúvida, foram desafios superados com êxito e muito aprendizado.

Vale registrar importante fato acontecido antes mesmo de meu início como operador do Direito, ou seja, fui indagado por dois prefeitos ligados a meu pai, sugerindo minha candidatura para Deputado Estadual e meu pai para Deputado Federal. Mais uma vez, aconselhado por minha esposa, então namorada, recusei a proposta para poder seguir na advocacia. Ela estava mais uma vez, certíssima.

Daí em diante, não há como negar que o Direito me abraçou de vez. Em verdade, sempre tive uma característica marcante e que tem tudo a ver com a arte de advogar. Sou fortemente protetor, não gosto de injustiças e sempre tive a ética como prioridade em tudo. Com a ajuda de meu pai, no ano de 1992, abri meu primeiro escritório de advocacia. Naquela oportunidade, os processos referentes às ações vinculadas à lei do inquilinato dominavam o caderno do Diário Oficial do Poder Judiciário. Foi exatamente por aí que comecei a me apaixonar pelo ramo do Direito Imobiliário.

A paixão se consolidou quando escolhi, dentre algumas ofertas disponíveis naquele momento, trabalhar no escritório do Mestre Waldomiro Azevedo Silva, uma das maiores autoridades da época do Direito Imobiliário da Bahia, hoje já na morada divina. Em poucos meses, passei a ser sócio do escritório. Em 1996, entendi ser possível seguir com meu próprio escritório e, junto com meu amigo e colega, Cezar de Souza Bastos, criamos a sociedade Bastos e Sobreira Advogados Associados.

Dentre as minhas especializações, fiz óbvio, a de Direito Imobiliário, aprofundando ainda mais neste ramo do Direito, quando consegui formar uma boa carteira de clientes, pessoas físicas e jurídicas, com um foco inicial no contencioso. Apesar do fato de que em poucos anos de advocacia, já comecei a deixar de lado a forte litigância ensinada no curso de Direito e passei a ser um caçador de soluções. Há 20 anos, dos quase 34 anos de formado, passei a dedicar a maioria de minhas horas na advocacia não contenciosa, notadamente na consultoria e assessoria jurídica para clientes vinculados à venda e compra de imóveis e advocacia extrajudicial, embora meu escritório possua outras especialidades.

Ainda abraçado com a área imobiliária, passei a ter gosto pela arte de ensinar e com isso ministrei vários cursos e participei de inúmeras palestras. Fui convidado para montar o curso de Pós-graduação em Direito Imobiliário na UNIFACS, quando me tornei o primeiro coordenador deste curso naquela universidade.

Registre-se ainda que da minha união com Ingrid, nasceram respectivamente em 01/07/2004 e 12/10/2005, meu filho João Gabriel e minha filha Alice, para completar de vez minha felicidade.

Com o passar do tempo, surgiu minha outra paixão na área do Direito, após ser convidado por Lise Weckerle para integrar a Diretoria Plenária da Associação Comercial da Bahia, isso no ano de 2003, e conheci a Câmara de Conciliação, Mediação e Arbitragem daquela bicentenária casa. Com os incentivos de meu amigo Alberto Vaz e orientações do saudoso Mestre Marques Neto, adentrei na comunidade arbitral, na qual ao longo do tempo, participei de inúmeros procedimentos arbitrais, atuando como presidente de Tribunal Arbitral, co-árbitro e árbitro único, e recentemente fui designado como Coordenador da citada Câmara, onde espero fortalecer a cultura da arbitragem como meio adequado de solução de conflitos.

É isso. Valeram todos os conselhos, especialmente os dados por minha esposa que vieram motivados com muito amor e, junto com os meus esforços, me premiaram a obter diversas conquistas em minha trajetória de vida. Que essa história de uma escolha acidental, que se transformou em um caso de sucesso, possa servir de experiência para os leitores.

Encerro agradecendo a Carlos Falcão e a Revista Lets Go Bahia por essa oportunidade de poder expor um pouco sobre minha caminhada de luta.