Tempo: rei de todas as mudanças
Rosane Santos é diretora de ESG da BAMIN e membro do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS)
Ao chegar à Bahia pensei que “Tempo Rei”, bela canção do baiano Gilberto Gil, poderia resumir (um pouco) as mudanças em minha vida. A última delas me fez chegar a esse Estado alegre e hospitaleiro: assumir o cargo de diretora de ESG (governança ambiental, social e corporativa) da BAMIN. “Transformar tempo e espaço, navegando todos os sentidos” – trecho da poética letra - se harmoniza com minha trajetória pessoal e profissional.
Salvador, cidade com maior número de negros fora do continente africano, passou a ser a “casa” de uma mulher negra, natural de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, e agora executiva de uma mineradora, que pela sua própria natureza atrai mais homens que mulheres para seus cargos. A confluência destes “rios” se mistura mais quando penso que Diversidade e Inclusão – pautas que carrego comigo - é uma agenda pulsante do ESG.
Após anos nas áreas de governança corporativa, compliance e auditoria, senti forte inspiração para guinar a carreira profissional. Em 2016, raspei meu “pote de ouro” e parti para o MBA Executivo da Universidade de Oxford (Inglaterra) - época em que mal se falava em ESG no Brasil. Nesta transição, assumi como presidente do Instituto Nissan – Responsabilidade Social da Nissan no Brasil, e na sequência migrei para Iguá Saneamento como diretora de Sustentabilidade.
Agora, esse desafio nobre e grandioso na BAMIN, que tem em seu horizonte consolidar as estratégicas do ESG, humanizando as relações dentro do setor mineral e junto aos públicos de interesse.
Uma organização deve fazer escolhas que coloquem as relações humanas no centro, com a mesma importância que dá para a qualidade de um produto. Para a BAMIN, onde a agenda social já faz parte dos fóruns de decisão, o desafio é triplo. Afinal, falamos da mineradora que responde também por um dos maiores projetos de infraestrutura do país: a construção do Porto Sul, em Ilhéus, e do trecho 1 da Ferrovia de Integração Oeste Leste (FIOL).
É muito satisfatório ver as áreas de relações com a comunidade e de responsabilidade social sendo percebidas como fundamentais ao desenvolvimento do negócio. Isso confere legitimidade social e uma mudança de lógica: existe uma expectativa da comunidade em relação à corporação que chega ao território e não o contrário. Sob essa ótica, estamos criando a agenda ESG da BAMIN - robusta e com compromissos de gestão ambiental, social e de governança de longo prazo e que receberão aportes à medida que os negócios avancem.
Vamos em frente, focados no desenvolvimento sustentável, estreitando as relações com o entorno e todos os demais públicos de interesse. Parafraseando o Gil, o tempo pode transformar as velhas formas do viver.