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Tá difícil? Acorda cedo e vai lá fazer

Americo Neto - Publicitário. Fundador da Viamídia Publicidade e Presidente da ABAP.

Tá difícil? Acorda cedo e vai lá fazer
Coluna Business Bahia

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09/06/2024 1:00pm

Quando nasci, meu pai ainda era rico. Tinha uma madeireira, uma escuna e um apartamento grande no bairro da Graça. Ao longo dos anos, o negócio da família, herdado por meu pai do meu avô, já vinha todo empepinado e foi quebrando lenta e dolorosamente ao longo de toda a minha adolescência. Foi um período muito duro.

Sou o único filho homem e o mais velho. Ou seja, todas as responsabilidades caíam sobre mim. Lembro-me de atender, aos 15 anos, oficiais de justiça e cobradores à porta de casa, já vivendo em um pequeno apartamento no Barbalho. No meio de tudo isso, meu pai entrou em depressão e não saía da cama; minha mãe pediu separação e ele se mudou para o meu quarto, de onde, por alguns meses, não levantava da cama. Quem fazia o mercado era eu e a lista que minha mãe pedia não cabia no pouco dinheiro que meu pai dava. Nessa época, eu era a ponte de ligação entre eles, que já não se falavam.

Passei em duas faculdades e comecei a cursar ambas: Administração na UFBA e Publicidade na UCSal. Então precisei tomar duas medidas drásticas: primeiro, pedi à minha avó materna para pagar a faculdade de Publicidade, que estava em aberto há dois semestres e havia o risco de eu não conseguir continuar cursando (considero essa uma das minhas primeiras grandes ações como empreendedor, pois permitiu-me formar no que eu efetivamente queria ser); depois, mudei-me sozinho para uma casa abandonada dos meus pais para escapar de ser o elo entre os dois e o menino no meio da briga. Dividi o espaço apenas com um pastor alemão, desde os 18 anos, por algum tempo, enquanto cursava Publicidade.

Só depois de alguns anos, percebi que sempre fui assim: se eu encontrava alguma dificuldade, fazia um movimento corajoso, duro e radical e que, graças a Deus, dava certo no final. Costumo brincar: se a vida tá difícil, acorda cedo e vai lá fazer acontecer. Com alguns dias de dedicação, já não estará mais tão difícil assim.

Outra decisão ousada: abrir uma agência de propaganda no quarto semestre da faculdade e sem nenhum cliente. Pois é, isso mesmo. Juntei mais dois colegas e abrimos a Viamídia em 1996. Não éramos filhos de ninguém da área de propaganda, não tínhamos nenhum cliente em vista, mas, por vários dias, meses, acordamos cedo e fomos lá fazer.

A agência abriu em uma pequena sala, na casa de um dos sócios, com uma mesa (feita de uma porta e dois cavaletes), dois computadores velhos que tínhamos em casa, e sem scanner (que era útil na época). No entanto, os clientes começaram a vir. Um indicando o outro. Não foi fácil, ficamos sem renda por dois anos, mas, justamente quando estávamos nos formando, a empresa começou a dar dinheiro.

Considero o trabalho a coisa mais importante na construção de um ser. É onde você se sente orgulhoso do que fez e do que construiu. E, penso assim também em relação aos amigos e aos profissionais que formamos desde estagiários. 

A Viamídia caminha suas três décadas. E continuamos inovando, tomando novas atitudes empreendedoras quase todos os dias. Vemos a mudança no dia a dia das agências de propaganda e o que fazemos? Acordamos cedo e vamos lá fazer. Passamos a fazer viagens de imersão e trazer novidades para os nossos clientes e para o mercado. Fomos buscar referências fora do país. Empreender é correr riscos. E fizemos isso ao construir uma sede própria em plena pandemia. E mais: uma sede moderna que ganhou prêmio de decoração e que está adequada aos novos tempos da publicidade. 

Agora estou ousando mais uma vez: começamos o projeto para a construção de um grande estúdio de fotos e vídeo na própria casa da Viamídia, para produzirmos nossos conteúdos com mais facilidade e flexibilidade. Vamos juntos, todos os empreendedores, olhar pra frente, trabalhar duro e fazer acontecer.