Será mesmo cego o amor?
Por Niliane Brito – psicóloga e psicanalista
O Brasil se apaixonou pela versão nacional do reality Casamentos às Cegas. Quem assiste ao sucesso da Netflix pode acompanhar os desafios e perrengues enfrentados pelos casais na busca de um amor eterno, sobretudo as mulheres, normalmente mais bem resolvidas. O que se pode constatar também é o quanto o machismo e a imaturidade masculina ainda são tóxicos e tão predominantes. Podemos, inclusive, observar em determinados participantes a denominada Síndrome de Peter Pan, aquela que acomete os homens que se negam a crescer.
Fugir para a Terra do Nunca para não ter que encarar o amadurecimento e enfrentar as situações mais adversas não é a melhor opção. Embora seja frequente nos relacionamentos. Atualmente, estamos vivendo em um contexto em que é mais fácil colocar um ponto final às relações em vez de tentar “consertá-las.”. Em outros tempos, a gente tentava melhorar o que estava causando conflitos. Hoje, muita gente prefere terminar o relacionamento, porque o outro não condiz com a realidade do primeiro momento. E aí a minha pergunta: será que o amor é mesmo cego ou nós é que não queremos enxergar?
As relações são mais fluidas e efêmeras. Assim, quando as pessoas percebem que as impressões do começo do relacionamento, que são de idealização do amor, quando percebem os defeitos da outra parte, nem sempre estão dispostas a continuar. A gente termina e não resolve isso com a gente. Por isso, sempre vai levar para o próximo relacionamento e pode não dar certo sucessivamente.
Portanto, atenção!!! Enfrentar a realidade é muito importante e a comunicação na relação é fundamental para um relacionamento saudável. Precisamos lidar melhor com as frustrações, com as decepções e as desconstruções da idealização. Precisamos encarar de forma mais funcional a REALIDADE. E a terapia pode te ajudar muito nesse processo, de entender seus desejos, compreender melhor seus comportamentos e o porquê de muitas vezes nos auto sabotarmos. Será que buscamos mesmo a Felicidade? Ou nos autoboicotamos com medo dela? Vamos refletir a respeito?