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Sempre aproveitei as oportunidades que a vida me deu

Por Alfredo Motta

Sempre aproveitei as oportunidades que a vida me deu
Coluna Business Bahia

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10/03/2024 7:00pm

Toda a trajetória da minha vida foi marcada por acontecimentos do destino que me levaram aos lugares certos, na hora certa. Mesmo antes de eu nascer. Meu pai era carioca e conheceu minha mãe, baiana, em 1958, na cidade de Amargosa, quando passou em um concurso do Banco do Brasil. Depois se casaram e foram morar no Rio, onde eu e minha irmã Karla nascemos. Sempre passamos as férias em Salvador e em Jequié, na casa da minha avó, viajando em família, de carro, um antigo Gordini e depois um Corcel vermelho, uma farra! Mas só viemos morar na capital baiana depois que meu tio Rui Dan Sales Sampaio faleceu, um empreendedor "fora da curva”, professor de história, que tinha apenas 38 anos, mas chegou a conhecer os quatro continentes. 

Foi quando meu outro tio, Agnaldo Sampaio, também meu padrinho, começou a incentivar meu pai para pedir transferência no banco e vir morar em Salvador. Foi um momento muito marcante porque nossa vida mudou muito. Deixamos amigos, tios, a escola, outros hábitos. Eu e minha irmã viemos antes, devido ao início das aulas. Moramos por um bom tempo na casa de dois parentes enquanto meus pais acertavam as outras coisas, mas, aos poucos, fomos tocando a vida na Bahia e construímos novas amizades. Casei com uma baiana, Maria Helena, tivemos um filho, o Alfredinho, que amo de paixão. E essa terra que aprendi a amar. Mal sabia eu que esse tio ia mudar a minha vida pra sempre, me ajudando a construir a carreira profissional que sigo até hoje.

Antes dessa virada, cheguei a fazer dois testes vocacionais que indicaram a veterinária como profissão, pois gosto muito da área rural, de animais e plantas, um hobby que sempre me acompanhou. Mas acabei prestando vestibular para administração pública, na Federal, e, na Católica, por influência do meu amigo-irmão, Zenardo Teles de Oliveira, fiz contábeis, minha primeira escolha.

Já no primeiro semestre consegui um estágio na antiga fábrica da Brahma. O ambiente era ótimo, fiz bons amigos e foi onde aprendi a gostar de chope, liberado toda sexta-feira. O então presidente, Paulo Macedo, também valorizava muito o esporte e tinha funcionários que foram admitidos devido ao talento para alguns esportes, jogavam vôlei, basquete, futebol de salão e outras modalidades nos times da empresa. Eu era o único que jogava tênis e queriam muito me admitir como auxiliar de escritório para integrar a equipe. Eu tinha apenas 20 anos, era solteiro e o salário inicial era de encher os olhos, quase quatro salários mínimos de hoje, mas meu coração disse não. Percebi que ali não era meu lugar e segui em frente. Pra minha sorte!

E foi aí que o meu tio Agnaldo e segundo pai, me levou para trabalhar na área de comunicação, minha verdadeira vocação. Ele foi diretor Comercial na Tv Aratu, quando era afiliada da Rede Globo, por muitos anos e me ajudou a conseguir um estágio na área de publicidade e propaganda, onde conheci o grande mestre Fernando Barros, por quem até hoje tenho muito carinho. Comecei na Propeg do zero, passei seis meses como voluntário. Lembro do meu primeiro pagamento com ticket de combustível, assinado por Fernando, pois, às vezes, eu ficava com o carro do meu pai e ele ia para o Comércio de ônibus executivo (frescão)  para me ajudar a trabalhar. Coisa de paizão.

Logo depois fui promovido a assistente de atendimento e a executivo, passando a ser o mais novo da turma a prestar contas do governo. Também foi na agência que tive a felicidade de me aproximar de outra figura muito especial na minha vida, o publicitário Luiz Salles, já falecido. Ele me tinha como um filho, descobrimos que morávamos perto e ele passou a me dar carona para casa quando saíamos da Propeg. Construímos uma amizade muito bonita e também nos divertimos muito com seu jeito irreverente de ser na agência.

Essa foi a bagagem profissional que levei comigo para uma nova etapa de vida quando fui convidado por Bete Silveira e Rogélio Duran (falecido, um irmão que não tive) para ir para a Abril  ajudar a implantar a Veja Bahia. A partir daí, fiz carreira no Grupo. Comecei como executivo de contas, virei supervisor e depois gerente. Por questões políticas e estratégicas do conselho, as edições dos suplementos regionais, as Vejinhas, como eram chamadas, passaram a ser terceirizadas nas praças das principais capitais do país. Mais uma vez a minha intuição me fez seguir o coração, me desliguei da Abril e fiquei cuidando apenas da Veja Bahia. E, 30 anos atrás, exatamente quando me casei, topei mais essa nova empreitada: montar uma empresa e partir pra guerra sozinho, montando a minha primeira sala, na Avenida Juracy Magalhães, no Edifício LMA.

Depois de um ano e meio, eles me convidaram para voltar a tocar a sucursal da Abril e assumir novamente os títulos do Grupo, topei. E a Vejinha junto comigo. Foi quando mudamos para o Edifício Ômega, na Tancredo Neves. Tínhamos como vizinho a nossa Grande Publivendas, hoje, Morya, capitaneada pelo saudoso Fernando Carvalho e seu filho e amigo, Claudio Carvalho.

Como eu já estava no lugar certo e na hora certa, começaram a surgir outras demandas na área de publicações, muitos projetos de grande sucesso, como a Veja O Melhor de Salvador e depois a Veja Comer & Beber, que fizemos por 27 anos, com muito tesão, batendo recorde todos os anos em páginas publicitárias e premiações. Foram experiências muito bacanas, que se somaram aos outros negócios que começaram aparecer. Resultando em retomar a minha empresa, a AGMN, e abrir AG Editora, voltada para publicações e revistas diferenciadas. Hoje, a AGMN chama-se AG Soluções Integradas, voltada para ambientes off-line e digital. E hoje tocamos na AG o Grupo Abril ; a Caras; Folha de São Paulo; UOL; a marca Exame; Nova Escola; Zap Media, empresa de disparos de WhatsApp; e, mais recentemente, a KM Money Midia OOH, com carros de aplicativo.

Fui fazendo ótimas relações com o mercado e consolidando essas amizades ao longo do tempo, afinal, a propaganda, como dizem por aí, é uma "cachaça", difícil sair dela, mesmo em momentos de saturação. Assim como também é impossível me separar do que conforta meu coração e me faz desacelerar, com o meu lado que ama a terra e animais, que cultivo a roça que herdei e depois comprei mais um pedacinho pra tocar uma fazendinha no interior da Bahia, em Santa Terezinha. Gosto muito da agropecuária, aquela primeira vocação identificada ainda na minha adolescência, e acredito que ainda vou explorar essa atividade profissionalmente. Sou um cara bastante leal e prestativo com os amigos, aprendi com meu amado pai, que faleceu há cinco anos, que o nosso maior patrimônio é o nosso nome, o resto é coreografia.

Meus maiores ensinamentos, assim como a minha fé, vêm da minha família e do meu tio Agnaldo. Desde os 17 anos seguia ele nas missas de domingo, na Igreja de Nossa Senhora da Luz, e continuo indo até hoje, porque a minha relação com Deus é muito  especial. Ele me diz muita coisa, me dá força em vários momentos que eu ou alguém precisa e me ajuda a evoluir e a crescer com muitos aprendizados e em harmonia com a minha família, que sempre me fortalece como meu maior alicerce, amigos e colegas. São eles que me guiam na missão de sempre ajudar os outros e eu quero fazer muito mais, por todos, e ainda por muito tempo.

Por Alfredo Motta, para Coluna Business Bahia / Revista Let’s Go Bahia