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Respeito: um valor primordial para o sucesso profissional

Roberto Rezende - Engenheiro de Produção

Respeito: um valor primordial para o sucesso profissional
Coluna Business Bahia

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11/06/2022 3:30pm

Desde a mais tenra idade, ouvi de meu pai que o respeito às pessoas ao meu redor era o fator mais importante para que um dia eu também fosse respeitado. O curioso é que ele era uma pessoa simples, humilde, sem formação escolar – não tinha o primeiro grau completo – mas de uma sabedoria imensa. 

Minha infância em Carapicuíba, cidade da região metropolitana de São Paulo, apesar de muito simples e com algumas dificuldades, foi muito feliz e me traz ótimas lembranças. Com ele, tive a oportunidade de aprender não só os valores importantes para a vida – ética, honestidade e respeito –  mas também conhecimentos que me levaram a me destacar no início de minha vida profissional como engenheiro que sou. Passei parte de minha infância e adolescência ajudando-o a reparar o seu velho caminhão, fonte de renda para sustento da família, o que despertou minha paixão pelo mundo da indústria automobilística. 

Comecei a trabalhar no mercado formal aos 14 anos de idade, como auxiliar de escritório em uma empresa de ônibus, embora já tivesse me aventurado a exercer algumas atividades como vender sorvetes e doces na porta da escola do SESI, onde estudava, de forma a ganhar “alguns trocados” para satisfazer pequenos desejos normais para uma criança da minha idade. Mas isto era uma coisa leve, que eu fazia com prazer. Não via aquilo como trabalho e não o fazia por imposição. Foi uma opção que me levou a adquirir responsabilidade que me acompanhou por toda minha jornada até hoje. 

Como o mundo automobilístico sempre me fascinou, nada mais natural que eu procurasse estudar algo relacionado com esta paixão. Por isto, me dediquei a fundo para ingressar no curso de Engenharia Mecânica Automobilística na FEI – Faculdade de Engenharia Industrial de SP, que ocorreu em 1975. 

O período de faculdade foi bastante difícil, pois como era um curso de período integral, tive de deixar a empresa onde trabalhava, mas encontrar outras alternativas para ajudar no custeio das despesas. Neste período atuei como professor de cálculo e desenho técnico em uma escola de curso profissionalizante e, nas horas vagas dos finais de semana, também aproveitava para dirigir um taxi que meu pai havia adquirido, em substituição ao seu velho caminhão.  Isto também era divertido, já que eu sempre adorei dirigir. 

Também tive de recorrer à ajuda de um programa instituído pelo governo na época – Crédito Educativo – similar ao atual FIES,  para complementar a renda necessária para custear o curso. 

Findo o curso, em 1979, tive a alegria de ser admitido na Ford Motor Company Brasil, como engenheiro de processos.  Que alegria e prazer foi ver aquele registro em minha carteira profissional. Dali em diante, minha carreira decolou e eu sempre me dediquei a manter-me atualizado na área.

Tive oportunidade de atuar em várias áreas da Engenharia do segmento automobilístico na Ford, Autolatina e Volkswagen, no Brasil e no exterior. As responsabilidades assumidas por mim me propiciaram trabalhar e conhecer vários países em vários continentes. 

Em 1998, optei por dar uma guinada na carreira e decidi deixar a montadora onde trabalhava, a Volkswagen, e me juntei a uma empresa do ramo industrial, de origem inglesa, Dynacast, fabricante de componentes para mercados diversos, como o de equipamentos médicos, eletrônico, brinquedos e autopeças, dentre outros. 

Através desta empresa fui enviado à Inglaterra em duas ocasiões para cursos específicos na área de desenvolvimento estratégico de negócios, na Warwick Business School, na cidade de Coventry. Experiência fascinante!

Após três anos nesta empresa, devido à crise que abateu o mercado automobilístico na época, o grupo decidiu pelo fechamento de algumas unidades, dentre elas a do Brasil, mas como os ventos pareciam soprar a meu favor, antes mesmo que a empresa efetivamente encerrasse suas atividades no Brasil, fui recrutado por um headhunter para ocupar uma posição na nova unidade da Ford Camaçari, que estava em fase de início de implantação. E cá estava eu de volta ao mundo automotivo, novamente dentro da mesma montadora onde iniciei minha vida profissional como engenheiro. Estávamos em 2001. 

Apesar de conhecer a Bahia onde já havia passado férias, nunca tinha imaginado viver aqui, por isto decidimos (minha esposa e eu), que eu viria por um período determinado, ao fim do qual retornaria a São Paulo. 

No inicio nos revezávamos nas viagens de fim de semana para nos encontrarmos, mas com o passar do tempo, as minhas viagens a SP foram diminuindo, substituídas pelas dela para a BA, até que chegou o momento que nos decidimos por fixar morada neste estado que tão bem nos acolheu e que adoramos deste o princípio. 

Durante estes 21 anos que estamos vivendo aqui, assumi em 2004, ainda dentro do Complexo Ford, a diretoria de operações da DHL Supply Chain, provedor logístico da Ford e seus fornecedores no complexo e também de três plantas de  produção de polietileno da Braskem, no Polo Industrial de Camaçari. 

Em 2012, assumi a diretoria de outra sistemista da Ford no complexo de Camaçari – FLEX N GATE – empresa americana do segmento de produção de peças plásticas para o mercado automotivo onde fiquei até 2018. 

Em 2019, tive ainda a experiência de atuar,  já como consultor, na CEVA Logistics, durante o start up de uma operação logística na planta Ford Pacheco, na Argentina. 

Durante este período, fui também nomeado Diretor Regional da SAE Bahia, Diretor Regional do Sindipeças Bahia, Membro dos conselhos fiscal e administrativo do COFIC e membro do conselho de administração da FIEB. 

E o mais importante de tudo: neste período, tive a alegria de me tornar pai, em 2005, de um filho muito especial, hoje com 17 anos que só me traz alegrias na vida e a quem espero poder transmitir os mesmos aprendizados que tive com meu pai. 

Esta foi a minha trajetória profissional, sempre pautada pelo respeito às pessoas ao meu redor, independente de suas posições hierárquicas dentro dos ambientes nos quais convivíamos. Este comportamento sempre gerou um retorno muito positivo e de igual intensidade por parte de todos, o que faz com que eu me considere um profissional muito bem sucedido na carreira que escolhi. 

Agradeço à Let’s Go Bahia pela oportunidade de dividir com seus leitores, essa minha experiência de vida e espero, sinceramente, que, de alguma forma, possa inspirar alguns deles. 

Muito Obrigado!