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A palavra como elo entre o escritor, o jornalista e o economista

Armando Avena – escritor, jornalista e economista. Professor da UFBA e ex-secretário de Planejamento da Bahia. Diretor do portal Bahia Econômica.

A palavra como elo entre o escritor, o jornalista e o economista
Coluna Business Bahia

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24/07/2021 10:30am

Costumo dizer que nasci quando entrei na biblioteca onde meu pai colecionava livros, embora nem sempre pudesse lê-los, pois já então era preciso muito trabalho para ser um pequeno empresário no Brasil. Entre os livros descobri o mundo e passei horas encantadas lendo O Tesouro da Juventude, O Mundo Pitoresco, os livros de Júlio Verne e as fábulas de Monteiro Lobato. Um dia, achei-me alto o bastante para explorar as estantes mais altas e pude conhecer Goethe, Shakespeare, Cervantes, Machado de Assis, Eça de Queiroz, Jorge Amado e tantos outros. Foi assim que descobri a primeira das minhas vocações. E tornei-me escritor, sendo muito depois eleito para a Academia de Letras da Bahia. 

Muito antes, escolhi o Colégio Central, que era então um dos melhores da Bahia, para o meu aprendizado. Foi lá que ousei publicar, nos anos negros em que a repressão era a lei, um jornal mimeografado, o primeiro no Central pós 1969, candidamente intitulado Jornal da Amizade, numa tentativa inútil de despistar os censores. Tive contato então com aquela que seria minha derradeira vocação: o jornalismo. 

Foi então que caíram em minhas mãos os livros de economia e a paixão foi imediata.

Assim, entrei na Faculdade de Economia atraído pela palavra, mas igualmente aliciado pela ideia de usar a ciência como instrumento para mudar o meu país. Ingressei na Universidade no alvorecer de um recém iniciado movimento libertário, que gradualmente se espalharia pela sociedade brasileira desabrochando na redemocratização do país. 

No exercício da Economia, dispus-me a deshermetizar a teoria econômica, traduzindo-a para a linguagem do homem comum. E ao escritor veio juntar-se o jornalista na elaboração de textos publicados no jornal A Tarde, oficio que ainda hoje realizo com grande prazer. E foi o gosto pela palavra e pela economia que me levou a ser professor da UFBA e é com orgulho que encontro nos quatro cantos da Bahia jovens a quem tive o prazer de fazer velejar nas águas do conhecimento. 

Ainda na condição de estudante de economia, apaixonei-me pela atividade de planejamento e convivi com mestres como Rômulo Almeida e Milton Santos.  Tornei-me estagiário da Secretário do Planejamento da Bahia – Seplantec e foi ela que me deu a pena e o nanquim com que desenhei minha vida no serviço público. E, a partir daí, construí uma história no sistema de planejamento da Bahia. E tive o prazer de, no governo Waldir Pires, e com o apoio de Rômulo Almeida, recriar a Fundação CPE – marco do planejamento na Bahia. E foi então que comecei a pensar a Bahia e sua economia. Mais tarde, quando acreditava já ter dado minha contribuição ao sistema de planejamento da Bahia, tornei-me Secretário de Planejamento no governo Paulo Souto e fundei o Conselho Nacional de Secretários de Planejamento, sendo seu primeiro presidente. Por fim, voltando a minha vocação jornalística, tornei empresário e editor e fundei o portal Bahia Econômica que, prestes a completar 15 anos, é um dos mais prestigiados órgãos de imprensa da Bahia. Mas retorno ao escritor, que é o melhor de mim, para dizer do prazer de escrever e  de publicar livros como o último deles, Luiza Mahin, que conta a história da guerreira que lutou pela libertação dos negros e das mulheres, e dizer que o gosto pela palavra, o oficio de escrever é o  elo que liga todas as atividades que desenvolvi ao longo da vida.